Vírus Rocio: ameaça silenciosa que pode voltar a afetar o Brasil
Cientista brasileira alerta para a circulação oculta do vírus Rocio, responsável por grave epidemia nos anos 1970
Um vírus que causou uma das maiores epidemias de encefalite já registradas no Brasil nos anos 1970 pode estar circulando silenciosamente no país, confundido com casos de dengue. A cientista brasileira Marielena Vogel Saivish, que redescobriu o vírus Rocio (ROCV), alerta para o risco de novos surtos dessa doença grave, que ataca o sistema nervoso central.
Entre 1975 e 1977, a região do Vale do Ribeira e da Baixada Santista, em São Paulo, viveu momentos de medo. Mais de mil pessoas foram infectadas pelo vírus Rocio, com uma taxa de mortalidade de cerca de 13% e 20% dos sobreviventes ficaram com sequelas permanentes. Apesar de ter sido considerado um vírus esquecido, estudos recentes mostram que ele continua circulando no Brasil, muitas vezes confundido com outras arboviroses, como a dengue.
Em 2020, Marielena publicou na revista americana Emerging Infectious Diseases a comprovação da circulação silenciosa do vírus em amostras de pacientes com diagnóstico inicial de dengue em Goiás, entre 2011 e 2013. Essa descoberta é preocupante, pois não existe vacina, tratamento específico ou diagnóstico rápido para o vírus Rocio, o que dificulta o controle e prevenção da doença.
A pesquisadora destaca que as mudanças climáticas e o avanço dos mosquitos vetores aumentam o risco de novos surtos. O vírus Rocio é um flavivírus neurotrópico, capaz de atacar o sistema nervoso central, o que torna sua infecção potencialmente grave. Além disso, a falta de conhecimento e de ferramentas diagnósticas específicas contribuem para que o vírus permaneça subnotificado.
Marielena Vogel Saivish é biomédica e pesquisadora com ampla experiência em virologia, especialmente em arboviroses emergentes e negligenciadas. Atualmente, ela atua nos Estados Unidos, desenvolvendo pesquisas para criar modelos animais, identificar antivirais promissores e desenvolver testes diagnósticos rápidos para flavivírus pouco estudados, como o Rocio.
Sua trajetória inclui publicações importantes, colaborações com centros de pesquisa brasileiros e internacionais, e um sólido conhecimento multidisciplinar que une pesquisa básica, saúde pública e diagnóstico. Seu trabalho reforça a importância de manter a vigilância sobre vírus negligenciados que podem representar ameaças futuras à saúde pública.
Este alerta é fundamental para que profissionais de saúde, pesquisadores e a população estejam atentos aos sintomas e à possibilidade de circulação do vírus Rocio no Brasil, especialmente diante das mudanças ambientais e do aumento dos mosquitos transmissores.
Conteúdo produzido com dados da assessoria de imprensa.

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA