Transplante de útero e o sonho da maternidade: avanços e desafios para mulheres trans
O desejo de Maya Massafera reacende o debate sobre os limites da medicina reprodutiva e o futuro do transplante uterino
O desejo da influenciadora Maya Massafera de se tornar mãe por meio de um transplante de útero trouxe à tona um debate fundamental sobre os avanços e limites da medicina reprodutiva. Segundo dados da assessoria de imprensa, o transplante uterino é um dos maiores avanços da área nas últimas décadas, possibilitando que mulheres cisgênero sem útero funcional consigam engravidar e dar à luz.
Desde 2014, cerca de 135 transplantes de útero foram realizados em dez países, resultando no nascimento de aproximadamente 65 bebês. No Brasil, o primeiro nascimento após transplante uterino aconteceu em 2018, no Hospital das Clínicas de São Paulo. O procedimento consiste na transferência cirúrgica do útero de uma doadora — viva ou falecida — para a receptora, que passa por um rigoroso acompanhamento médico e psicológico.
A cirurgia é complexa e pode durar mais de 10 horas. Após o transplante, a paciente utiliza imunossupressores para evitar a rejeição do órgão, que é temporário e removido após o nascimento da criança, devido aos riscos do uso prolongado desses medicamentos. Além disso, a gravidez só é possível por meio da fertilização in vitro (FIV), já que não há conexão natural entre as trompas e o útero transplantado.
No entanto, quando o assunto é a gestação em mulheres trans, o cenário ainda é experimental. Não existem registros de gravidez após transplante de útero em mulheres transgênero, devido a desafios técnicos e fisiológicos, como diferenças anatômicas na pelve e a necessidade de ajustes imunológicos e hormonais. A Dra. Carolina Rebello, especialista em reprodução assistida da VidaBemVinda, do FertGroup, ressalta que “ainda que a ciência avance rapidamente, hoje não é possível afirmar que mulheres trans possam engravidar com segurança através do transplante de útero”.
Apesar das barreiras, o tema está em constante debate e a medicina reprodutiva não deve ser vista como estática. Para mulheres cisgênero com infertilidade uterina absoluta, o transplante representa uma nova esperança, oferecendo a chance de vivenciar a gestação para quem antes só podia recorrer à adoção ou à barriga solidária.
O caso de Maya Massafera reacende a discussão sobre até onde a medicina pode ir para atender aos desejos de maternidade, especialmente em grupos ainda pouco estudados. Os avanços continuam acontecendo, e o que hoje parece impossível pode se tornar realidade no futuro, ampliando as possibilidades para todas as mulheres que sonham em ser mães.

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA