Estreia literária de Rafael Godoy revela a crueza da marginalização em contos intensos

“Bichos Cegos Tateiam Feridas” traz narrativas viscerais sobre abandono, desejo e violência urbana

O escritor recifense Rafael Godoy estreia na literatura com a coletânea de contos “Bichos Cegos Tateiam Feridas” (Mondru, 62 páginas), uma obra que mergulha nas feridas da marginalização com uma prosa marcada pelo lirismo brutal. Dividido em três partes — “Os bichos”, “A cegueira” e “As feridas” — o livro reúne 20 histórias que exploram temas como abandono, desejo, violência urbana e a luta pela sobrevivência nas bordas da cidade e da existência humana.

Segundo o escritor Marcelino Freire, que assina o texto de contracapa, a obra é um “cúmplice de ofício”, que não poupa o leitor da “porrada” da realidade, revelando “tantos olhos mortos de fome” e a dura constatação de que “não temos mesmo salvação”. Essa brutalidade, porém, é temperada por uma escrita que não busca piedade, mas sim escancara a falência da linguagem institucional e da lógica social, lançando o leitor “diretamente no barro, no sangue, no corpo”.

Rafael Godoy utiliza a oralidade como elemento central para dar voz a personagens que vivem à margem, em um universo onde a violência cotidiana se mistura à saudade, ao desejo e à esperança. Os contos transitam entre a primeira e a terceira pessoa, com diálogos e trejeitos que conferem autenticidade às narrativas, enquanto o ritmo poético da prosa imprime lirismo mesmo em meio à crueza das situações.

O autor, que tem formação em História e Design Gráfico, e atua como diretor de arte no Estúdio PUYA!, revela que “Bichos Cegos Tateiam Feridas” representa não só a realização de um sonho, mas também um “ensinamento de persistência e um convite ao pertencimento”. Após mais de uma década de tentativas e rascunhos, ele encontrou sua voz no conto, construindo uma obra que não oferece conforto, mas provoca reflexão sobre as desigualdades e rupturas de identidade no mundo contemporâneo.

Um trecho do livro ilustra bem essa atmosfera intensa: “Fiquei alguns anos pela casa, perambulando, mexendo nas gavetas, procurando rumo dentro da bolha. Quando pegou fogo, eu soube por um vizinho que me ligou. Corre, o fogo tá comendo tudo, tua casa agora é só cinza. Entrei contrariando os bombeiros, procurei a carta no meio do inferno e a achei no canto do que era uma estante com fotos antigas. Li uma última vez, a centésima trigésima terceira, e só então minha mãe tinha morrido, meu pai tinha sumido, e eu nem conheci esse fodido.”

Com uma escrita direta e desobediente, Rafael Godoy convida o leitor a enfrentar a realidade nua e crua das margens da cidade e da vida, onde a violência e o abandono coexistem com o desejo e a esperança. “Bichos Cegos Tateiam Feridas” é uma obra que pulsa nas feridas da existência, um convite à empatia e à reflexão sobre as múltiplas formas de exclusão social.

Este conteúdo foi elaborado com base em informações da assessoria de imprensa.

EstagiárIA

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA

👁️ 35 visualizações
🐦 Twitter 📘 Facebook 💼 LinkedIn
compartilhamentos

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar