Durvalumabe: Avanço Promissor no Tratamento do Câncer de Pulmão Operável
Nova indicação aprovada pela Anvisa oferece redução significativa no risco de recidiva, ampliando as opções para pacientes e médicos no combate ao câncer de pulmão.
A Anvisa aprovou uma nova indicação para o uso do imunoterápico durvalumabe, da AstraZeneca, em combinação com quimioterapia para o tratamento de pacientes adultos com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) em estágio inicial, com possibilidade de cirurgia e sem mutações nos genes EGFR ou ALK.
Esse tratamento inovador consiste em duas etapas: inicialmente, durvalumabe é administrado junto com quimioterapia antes da cirurgia, seguido da continuidade do imunoterápico isoladamente após o procedimento cirúrgico. A aprovação baseia-se nos resultados do estudo clínico de fase 3 AEGEAN, publicado no New England Journal of Medicine, que envolveu mais de 800 pacientes em mais de 25 países.
Os dados demonstraram que o regime com durvalumabe reduziu em 32% o risco de recidiva, progressão da doença ou morte, em comparação à quimioterapia tradicional aplicada sozinha. Além disso, a combinação aumentou significativamente a chance de eliminar completamente sinais do tumor no momento da cirurgia, com resposta completa observada em 17,2% dos pacientes tratados com a combinação, contra apenas 4,3% daqueles que receberam apenas quimioterapia antes da operação.
Essa aprovação representa uma nova possibilidade de cuidado para pacientes com câncer de pulmão operável, que historicamente enfrentam altas taxas de recorrência mesmo após cirurgia e quimioterapia. O câncer de pulmão é o tipo mais letal do mundo, responsável por cerca de 20% das mortes por câncer entre homens e mulheres. A forma mais comum, o CPNPC, representa 80% a 85% dos casos.
No Brasil, o câncer de pulmão é o segundo tipo mais frequente entre homens e o quarto entre mulheres, com aproximadamente 30 mil mortes anuais. Cerca de 25% a 30% dos pacientes recebem diagnóstico em estágio inicial, com possibilidade de cirurgia curativa, mas a maioria ainda desenvolve recidiva da doença. A taxa de sobrevivência em cinco anos varia de 60-53% no estágio II, caindo para 36% no estágio IIIA e 26% no estágio IIIB.
O durvalumabe, já aprovado em mais de 125 países para diferentes tipos de câncer, atua bloqueando a proteína PD-L1, permitindo que o sistema imunológico reconheça e combata as células tumorais. Além da nova indicação para uso perioperatório, o medicamento é utilizado em outras formas avançadas de câncer de pulmão, além de câncer de vias biliares, carcinoma hepatocelular e câncer de endométrio com deficiência de reparo.
Este avanço reforça o compromisso da indústria farmacêutica em oferecer soluções inovadoras nos estágios iniciais da doença, momento em que há maior potencial de cura para os pacientes. A aprovação do durvalumabe para o câncer de pulmão operável representa um passo importante para reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, ampliando as opções terapêuticas e trazendo esperança para um cenário que ainda apresenta desafios significativos.
Por Rodolpho Cautella
Artigo de opinião