Dia Mundial da Saúde Sexual destaca avanços e desafios para as mulheres brasileiras
Data reforça a importância da informação, cuidado integral e combate às desigualdades sociais na saúde sexual feminina
No dia 4 de setembro, o mundo celebra o Dia Mundial da Saúde Sexual, uma data instituída pela World Association for Sexual Health (WAS) em 2010 para ampliar a visibilidade e o debate sobre a saúde sexual em escala global. No Brasil, essa data ganha cada vez mais relevância, servindo como um importante momento para refletir sobre a educação sexual, a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e o fortalecimento das políticas públicas que garantem o cuidado integral e inclusivo às mulheres.
Dados recentes apontam avanços significativos no acesso a métodos contraceptivos de longa duração. Entre 2022 e 2023, as inserções de DIU na rede pública cresceram 44%, impulsionadas pela liberação para que enfermeiras realizem o procedimento. Além disso, em julho de 2025, o SUS incorporou um novo implante subdérmico de longa duração, considerado uma das estratégias mais eficazes para reduzir gestações não planejadas.
Apesar desses progressos, persistem desafios importantes. O Ministério da Saúde registrou um aumento de 4,5% nos casos de HIV em 2023, reflexo tanto da ampliação da testagem quanto da baixa adesão ao uso do preservativo. A sífilis gestacional também permanece como um problema, com mais de 324 mil casos notificados entre 2019 e 2023. A gravidez precoce entre adolescentes, embora tenha apresentado queda no número de nascidos vivos de mães entre 10 e 14 anos, ainda é mais frequente entre jovens negras e de baixa renda, evidenciando as desigualdades sociais.
Gabrielle Ferreira, enfermeira da UBS Jardim Guarujá, gerenciada pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, destaca que “ter um dia mundial dedicado à saúde sexual é fundamental porque cria um espaço legítimo para o diálogo, a conscientização e a promoção de direitos. Falar de saúde sexual é falar de qualidade de vida, direitos sexuais e reprodutivos, e respeito à diversidade”. Ela ressalta que a falta de educação sexual estruturada nas escolas contribui para a desinformação sobre contraceptivos, ISTs e direitos reprodutivos, especialmente entre adolescentes, pessoas de baixa renda e a população LGBTQIA+, o que resulta em riscos evitáveis como a gravidez precoce.
Além das barreiras sociais e culturais, como tabus em torno da sexualidade, julgamentos morais e resistência masculina no planejamento familiar, grupos comunitários e coletivos locais têm atuado junto às unidades básicas de saúde para criar vínculos de confiança e oferecer um cuidado mais acessível e respeitoso. “Quando o cuidado chega de forma acessível e respeitosa, o impacto é imediato”, afirma a enfermeira.
O CEJAM, por meio da Linha de Cuidados de Saúde da Mulher, implementada em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, organiza e monitora a jornada das pacientes no sistema público, garantindo atendimento contínuo em diferentes fases da vida. Esse modelo conecta a atenção primária, os serviços especializados e a rede hospitalar, fortalecendo o vínculo entre a mulher e a unidade básica de saúde. O acompanhamento próximo tem aumentado a procura por exames preventivos e o planejamento reprodutivo, contribuindo para diagnósticos precoces de câncer de colo de útero e mama.
Entre avanços e desafios, o consenso é que a saúde sexual feminina se fortalece com informação, autonomia e cuidado integral. Como resume Gabrielle Ferreira, “a atenção primária tem papel protagonista justamente pela proximidade com a comunidade e pelo vínculo construído com os usuários”. Essa data é, portanto, uma oportunidade para reafirmar o compromisso com a promoção da saúde sexual e dos direitos das mulheres em todo o Brasil.
Este conteúdo foi elaborado com base em informações da assessoria de imprensa do CEJAM.

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA