Gestão Financeira Ineficiente Ameaça a Sustentabilidade de Clínicas e Consultórios no Brasil

Como a falta de controle financeiro e a ausência de estrutura gerencial comprometem o crescimento e a qualidade dos serviços de saúde

Clínicas de saúde que negligenciam a gestão financeira enfrentam prejuízos recorrentes e comprometem a própria sustentabilidade. O alerta é de Ricardo Novack, administrador e sócio-diretor do Grupo ICOM, considerado o maior ecossistema de gestão e marketing para clínicas da área da saúde no país. Com mais de 7.500 unidades atendidas e previsão de faturamento de R$300 milhões em 2025, a empresa identifica falhas recorrentes que minam o desempenho financeiro mesmo em consultórios com alta demanda de pacientes.

Apesar da alta demanda por serviços de saúde, muitos consultórios operam com margens negativas e instabilidade financeira. Para Ricardo Novack, especialista em gestão de clínicas, o problema não está no número de atendimentos, mas na ausência de estrutura gerencial capaz de sustentar o crescimento com segurança. “A clínica pode ter uma agenda cheia e, ainda assim, fechar no vermelho. O problema está na falta de controle, no improviso administrativo e na confusão entre contas pessoais e operacionais”, afirma.

Segundo ele, a ausência de um modelo estruturado impede que os profissionais tomem decisões com base em dados, gerando um ciclo de instabilidade no fluxo de caixa. “Não saber o custo de aquisição de um paciente, o índice de inadimplência ou o ticket médio por especialidade é como pilotar no escuro”, completa o sócio-diretor.

Estudos confirmam o cenário. Levantamento do Sebrae, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, aponta que 71% dos consultórios médicos e clínicas enfrentam dificuldades com gestão financeira. Já o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) identificou que estabelecimentos que adotaram ferramentas de gestão integrada registraram aumento de 22% na previsibilidade financeira e redução de 18% nos atrasos de recebimentos.

Na prática, os principais erros observados envolvem ausência de conciliação bancária, desconhecimento sobre margens operacionais, falta de plano de contas e inexistência de indicadores de desempenho. “Quando o gestor não sabe quanto pode investir novamente, quanto custa o horário ocioso ou qual canal gera mais conversão, ele perde eficiência e arrisca o crescimento”, destaca o especialista.

Outro ponto crítico é a separação entre o caixa da empresa e as finanças pessoais. De acordo com Novack, essa mistura é uma das principais causas de desequilíbrio em clínicas autônomas. “A confusão entre o que é lucro e o que é retirada pessoal desorganiza todo o planejamento. É preciso estabelecer pró-labore, metas de rentabilidade e um plano de reinvestimento”, explica.

O modelo de gestão defendido pelo Grupo ICOM envolve automação de processos, acompanhamento de indicadores em tempo real e treinamento contínuo das equipes. “A previsibilidade começa com organização. E organização se faz com rotina, sistemas confiáveis e decisões baseadas em números”, afirma Novack.

Além do aspecto operacional, a falta de gestão também impacta a experiência do paciente. Segundo a Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), clínicas que investiram em processos administrativos mais eficientes reduziram em até 25% as faltas e aumentaram em 18% a satisfação dos pacientes.

Para Novack, o caminho para reverter esse cenário está na capacitação. “O profissional da saúde foi treinado para cuidar de pessoas, não para gerir um negócio. É por isso que iniciativas de formação gerencial e apoio estratégico são tão importantes. Sem isso, o talento clínico pode ser engolido pelo caos administrativo.”

O Grupo ICOM também oferece programas de imersão e mentorias para clínicas que desejam profissionalizar sua operação. “Nosso foco é ajudar os profissionais a enxergarem sua clínica como um negócio sustentável, com margem, previsibilidade e capacidade de crescer com segurança”, conclui.

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Por Ricardo Novack

Administrador de empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; sócio-diretor do Grupo ICOM, maior ecossistema de gestão e marketing para clínicas da área da saúde no país; especialista em gestão de clínicas; ministrante de cursos nacionais e internacionais na área de gestão em saúde.

Artigo de opinião

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