Como o Comportamento do Líder Impacta o Crescimento das Empresas
A cultura de liderança é o fator decisivo para destravar o potencial dos negócios e garantir crescimento sustentável
A cultura de uma empresa é, antes de tudo, reflexo direto de quem a lidera. Mesmo com bons produtos, equipes qualificadas e mercados em expansão, muitos negócios seguem estagnados por causa do comportamento de seus fundadores. “A empresa é o reflexo do dono. Enquanto o líder não mudar, nada muda de verdade. A ausência de foco, comunicação truncada e a falta de método são os principais freios para a evolução”, resume Thiago Oliveira, CEO da holding Saygo.
Levantamento da consultoria The Bakery mostra que 64% dos empresários brasileiros afirmam não ter tempo nem mesmo para planejar suas rotinas. Na prática, operam de forma reativa, lidando com urgências diárias e adiando a construção de bases sólidas para o crescimento.
Nesse cenário, os problemas da liderança se transformam nos problemas da equipe, e, posteriormente, da operação. “O que mais vejo são empresários tentando mudar o time, a marca ou os processos sem antes se organizar a si próprios. É um esforço que não se sustenta”, afirma Oliveira. Com base na experiência de atuação com mais de 300 startups e centenas de pequenas e médias empresas, ele defende que rotinas claras, metas tangíveis e decisões orientadas por dados são pré-requisitos para qualquer plano de escala.
Com esse diagnóstico, Oliveira disponibilizará em breve uma plataforma de inteligência artificial voltada à análise de comportamento de líderes. O sistema identifica gargalos de gestão e orienta a adoção de novos padrões. “A maioria sai motivada de mentorias, mas volta na segunda-feira para a mesma desordem. A nossa proposta é garantir que o método vire hábito, que o hábito vire cultura”, explica.
A tecnologia combina diagnósticos de maturidade, recomendações personalizadas e um assistente de governança que acompanha a rotina do negócio. O sistema aprende com o comportamento do time e do gestor, sugerindo rituais, automatizando reuniões e reforçando padrões desejados. A plataforma está em fase final de testes com um grupo restrito de clientes e deve ser lançada ao público no último trimestre de 2025.
Negócios que já testaram a ferramenta relatam mudanças expressivas. Em uma distribuidora de alimentos no interior de Minas Gerais, a reestruturação começou com a definição de uma rotina semanal com metas e indicadores. “Só isso tirou o dono da operação tática e permitiu que ele enxergasse o negócio de forma mais estratégica. Em três meses, a margem subiu 17%”, relata Oliveira.
Outro caso, de uma empresa do setor de serviços que enfrentava alta rotatividade e baixa produtividade, teve início com a análise de padrões de liderança e comunicação. “O gestor se dizia sobrecarregado, mas não delega. A IA identificou esse bloqueio, ajudou a redefinir funções e propôs check-ins automáticos. Resultado: turnover caiu 40% em cinco meses”, detalha.
Para ele, comandar é apenas dar ordens. Liderar, afirma, é construir uma trajetória com clareza, coerência e exemplo. “O time não segue discurso, segue comportamento”, diz. Segundo ele, o maior risco está nas empresas que crescem em receita, mas não evoluem em gestão. “É como colocar combustível em um carro desregulado. Vai andar, mas vai quebrar. Só cresce com consistência quem tem método e se conhece como líder”, conclui o empresário.
Por Carolina Lara
Artigo de opinião