Como preparar a casa para a chegada do bebê: segurança, conforto e funcionalidade
Dicas essenciais para criar um ambiente acolhedor que cresce junto com a criança, unindo experiência pessoal e profissional em arquitetura infantil
A chegada de um bebê é como o acender um novo capítulo na vida, onde cada riso, choro e olhar curioso de um novo serzinho transforma a casa em um lugar cheio de novos sentidos. Com isso, os ambientes, que antes eram apenas cenários da rotina dos adultos, agora precisam ser repensados para acolher e proteger. E para muitos papais de primeira viagem, essas mudanças podem parecer desafiadoras, mas contar com a experiência de quem vive essa fase ajuda a tornar o processo muito mais leve.
Entre os ambientes que mais demandam atenção, o quartinho do bebê ocupa o primeiro lugar. Mas, no começo, tudo o que os pais precisam são de elementos básicos: o bercinho, o trocador e uma poltrona de amamentação para conforto da mãe. Esses três móveis já formam a estrutura inicial para acolher um recém-nascido. Outros itens podem ser inseridos conforme a rotina da família se ajusta.
Um erro comum é planejar o quarto apenas para os primeiros anos de vida. O segredo é criar um projeto versátil, capaz de acompanhar o crescimento da criança e evitar reformas frequentes. Recomendo pensar em dois layouts: um para a fase de recém-nascido com os itens essenciais e outro para quando a criança crescer, com cama, escrivaninha e até espaço para uma televisão. Todas as tomadas, pontos de luz e até a previsão de um painel de TV devem ser planejados com antecedência, para que a casa possa acompanhar a vida da criança, em vez de se tornar um espaço limitado. Essa visão evita improvisos futuros e garante que o investimento em marcenaria, iluminação e infraestrutura elétrica tenha longa durabilidade.
Outra possibilidade que vem ganhando espaço é o quarto montessoriano, um método pensado para estimular a autonomia da criança desde cedo. Isso significa móveis baixos e acessíveis, permitindo que o pequeno pegue seus brinquedos, escolha um livro ou até suba sozinho em sua caminha, respeitando o tempo da criança.
O banheiro também requer atenção, tanto para o conforto dos pais quanto para a segurança do bebê. Questões como o tamanho do box para acomodar a banheira e o acesso à água quente devem ser observadas com antecedência. Evito investir em vasos sanitários ou pias em altura infantil, pois a criança cresce rápido; prefiro orientar os pais a usar banquinhos ou caixotes. A climatização merece cuidado: o choque térmico entre um banho quente e um quarto frio pode causar desconforto e problemas de saúde. Instalei ar-condicionado com aquecedor no quarto do meu filho, pensando na troca de temperatura do inverno, mas uma solução mais econômica pode ser o uso de aquecedores portáteis.
À medida que o bebê começa a engatinhar e andar, a segurança doméstica se torna prioridade. Os riscos vão além de tomadas e escadas, abrangendo móveis soltos, quinas e objetos de decoração. Móveis e cantos vivos podem e devem receber protetores de silicone temporários, e sempre que possível, vale optar por peças arredondadas para evitar acidentes. Protetores de tomadas evitam incidentes elétricos. É importante mapear as quinas da marcenaria para receber protetores quando a criança começar a andar. Objetos de vidro e louças em prateleiras baixas devem ser guardados ou reposicionados, mas essa adaptação deve ser gradual, feita na hora certa, pois recém-nascidos não têm acesso a esses itens.
Além do planejamento e da segurança, a saúde é outro fator fundamental. Muitas escolhas aparentemente inofensivas podem afetar o bem-estar do bebê, como tintas com solventes ou pisos que liberam partículas químicas. Ao projetar a casa, especialmente o quarto do bebê, é preciso pensar em saúde em todos os aspectos. Por exemplo, a babá eletrônica posicionada muito perto do berço pode interferir na qualidade do sono.
Alguns cuidados para um quartinho saudável incluem: optar por tintas e acabamentos à base de água, livres de solventes e odores fortes; evitar pisos e revestimentos que liberem substâncias químicas; lavar cortinas, roupas de cama e enxoval antes do uso para eliminar toxinas; preferir luminárias dimerizáveis e luzes suaves que respeitem o ciclo circadiano do bebê; e afastar tomadas e babás eletrônicas do berço para minimizar campos eletromagnéticos.
Adaptar a casa para a chegada do bebê é um processo que acontece em etapas, acompanhando o crescimento da criança e a evolução dos pais nessa nova rotina. Pequenas mudanças de segurança e conforto vão se somando ao longo do tempo, transformando o lar em um espaço cada vez mais acolhedor. Por exemplo, providenciei tapetes no quarto e na sala, pois o bebê passará muito tempo no chão e o piso frio pode causar desconforto. Desenhei o tapete do quartinho, personalizando com as cores do ambiente.
Para organização, comprei organizadores para deixar as roupinhas ordenadas, facilitando a visualização e o acesso. Os primeiros meses passam rápido e alguns itens serão perdidos; para evitar desperdício, optei por reutilizar, como a poltrona de amamentação comprada de segunda mão, que personalizei com as cores do quarto. Não fazia sentido comprar uma nova para usar por pouco tempo e depois descartar. Essa prática ajuda a economizar e manter tudo bonito.
Manter a casa organizada de forma funcional faz toda a diferença, pois com um bebê em casa a rotina fica mais intensa. Ter cada coisa em seu lugar, desde fraldas e roupas até brinquedos, traz mais tranquilidade para os pais e conforto para o bebê.
Mais do que um espaço bonito, um lar precisa ser um ambiente de amor, crescimento e proteção.
Por Bruno Moraes
Arquiteto, à frente do BMA Studio, pai de primeira viagem, profissional com experiência pessoal e profissional em arquitetura para ambientes infantis
Artigo de opinião