A urgência do debate sobre paternidade ativa no Brasil
Por que repensar a licença-paternidade é essencial para a equidade e o cuidado familiar
O mês de agosto, tradicionalmente dedicado à valorização da figura paterna, nos convida a ir além das homenagens e refletir sobre o real papel da paternidade em nossa sociedade. Como pai de um casal e diretor-geral de uma empresa de cuidados para bebês, acredito que falar sobre paternidade é, também, falar sobre cuidado, equidade e futuro.
Durante muito tempo, o envolvimento dos pais nos cuidados com os filhos foi visto como uma ajuda eventual. Essa visão já não condiz com as transformações sociais que estamos vivendo. A participação feminina no mercado de trabalho se ampliou, refletindo mudanças importantes nas estruturas familiares e sociais, e, felizmente, muitos homens têm buscado exercer uma paternidade mais ativa.
Diante da minha posição profissional, tenho clareza de que apoiar famílias vai muito além de oferecer produtos que facilitem o dia a dia dos bebês. Trata-se de promover uma transformação cultural. Por isso, em 2024, implementamos entre nossos benefícios a licença-paternidade estendida, incentivando o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e promovendo o engajamento ativo dos homens na criação dos filhos.
Acredito que estender a licença-paternidade não é um benefício opcional. Quando um pai tem tempo e condições para se envolver desde os primeiros dias da vida do bebê, ele cria vínculos mais profundos e assume, de forma concreta, parte da responsabilidade pelo cuidado. Isso alivia a sobrecarga materna, fortalece a relação familiar e contribui diretamente para a equidade de gênero.
É sobre oferecer às crianças modelos mais equilibrados e saudáveis de convivência. E é pensando nisso que, há alguns meses, aceitei o convite para me tornar embaixador da CoPai | Coalização Licença Paternidade — um papel que me permite amplificar ainda mais essa mensagem, que é crucial para o bem-estar das famílias.
Infelizmente, a realidade no Brasil oferece apenas 5 dias de licença-paternidade, e sabemos que isso não é o suficiente. Estamos na luta para que esse cenário mude e que cada família tenha uma divisão mais justa da parentalidade.
Por Leandro Bazello
diretor-geral da MAM Baby Brasil
Artigo de opinião