Por que esquecer um ex pode levar quase uma década: a ciência por trás do desapego emocional

Terminar uma relação não significa, necessariamente, deixar de amar ou se desapegar de imediato. Muitos seguem a vida com novos planos, mas carregam por anos lembranças e vínculos invisíveis com o passado. Esse processo de desligamento, segundo a ciência, é muito mais demorado do que a maioria imagina, e pode levar quase uma década para acontecer plenamente.

Pesquisadores da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign investigaram esse processo em um estudo publicado na revista Social Psychological and Personality Science, buscando entender em quanto tempo, em média, os laços afetivos se desfazem por completo. Os resultados mostraram que, em média, metade do apego a um ex se dissolve em torno de quatro anos. Porém, para que o vínculo emocional seja realmente superado, o processo pode se estender por até oito anos.

O tempo para superar o fim de um relacionamento varia de pessoa para pessoa. Enquanto alguns conseguem deixar o passado para trás com mais facilidade, outros podem levar anos para se desligar emocionalmente de um ex-parceiro. Estar em um novo relacionamento e até mesmo amar uma outra pessoa não quer dizer, necessariamente, superar um ex amor.

Esse tempo é influenciado por fatores como a intensidade da relação, o nível de dependência emocional, a construção de memórias significativas e até a ausência de novos vínculos afetivos consistentes. Além dos aspectos emocionais, existe também uma dimensão espiritual: muitas vezes, a ligação entre duas pessoas pode se manter ativa mesmo após o término, o que explica porque em alguns casos os parceiros acabam se reencontrando ou até mesmo retomando a relação.

O amor e o apego não seguem o relógio da razão. Cada pessoa tem um tempo próprio para elaborar perdas, ressignificar memórias e abrir espaço para novos encontros. Além disso, quando existe uma ligação espiritual entre duas pessoas, esse laço pode se prolongar e até favorecer reaproximações, mesmo após o fim da relação. O perigo está em tentar acelerar esse processo sem respeitar os próprios sentimentos, o que pode gerar ainda mais bloqueios emocionais.

A ciência ainda aponta que a forma como lidamos com o luto amoroso pode definir nossa capacidade de nos relacionarmos novamente. Evitar comparações, cultivar novos interesses e buscar apoio emocional são caminhos que facilitam o desapego. Mais do que esquecer, trata-se de aprender a guardar a história vivida sem permitir que ela seja um obstáculo para o presente.

No fim, superar um ex não é apenas questão de tempo, mas também de consciência, inclusive considerando os casos em que ambos desejam reatar. Contudo, respeitar o próprio processo, valorizar os aprendizados e cuidar da saúde emocional pode transformar a dor da perda em um recomeço mais maduro e saudável, independente do caminho que queira seguir.

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