Formação Continuada: Pilar Essencial para a Inclusão de Alunos com Autismo nas Escolas Brasileiras
Com o aumento expressivo de matrículas de estudantes com TEA, investir em capacitação docente e metodologias adaptadas é fundamental para garantir aprendizado e participação efetiva.
As matrículas de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educação básica brasileira dobraram entre 2018 e 2021, passando de 105 mil para mais de 212 mil, segundo o Censo Escolar. Esse crescimento evidencia a urgência de capacitar professores para aplicar ciências e metodologias inclusivas, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), que incluem sistemas de troca de figuras, linguagem de sinais e recursos digitais.
Agosto, mês dedicado à conscientização sobre o TEA, é momento de intensificar debates sobre práticas inclusivas e formação continuada. Para a neuropedagoga Mara Duarte da Costa, identificar precocemente as necessidades dos alunos e adaptar as metodologias de ensino são passos fundamentais para garantir uma aprendizagem efetiva. “A inclusão não se limita à presença física na sala de aula. É preciso criar condições para que o aluno participe, interaja e desenvolva seu potencial”, afirma.
O avanço no diagnóstico do TEA é impulsionado por maior conscientização social e investimentos em políticas públicas. Segundo o IBGE, cerca de 18,9 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência, e estimativas internacionais indicam que entre 15% e 20% da população mundial é neurodivergente. No ambiente escolar, essa realidade exige preparo técnico e sensibilidade para reconhecer sinais como dificuldades na comunicação, na interação social e na organização de tarefas. “O diagnóstico preciso é a porta de entrada para intervenções assertivas e para a construção de um plano pedagógico que realmente funcione”, avalia Mara Duarte.
A formação continuada deve ser encarada como um investimento estrutural da escola, e não como uma ação pontual. A experiência mostra que ambientes adaptados e metodologias inclusivas impactam diretamente o desempenho acadêmico e o bem-estar dos estudantes. “Quando o professor domina estratégias baseadas em evidências e recebe suporte de uma rede multidisciplinar, a sala de aula se torna um espaço de aprendizagem real para todos”, destaca.
Além disso, a adaptação curricular, o uso de recursos visuais e sensoriais e a construção de ambientes previsíveis contribuem para reduzir barreiras e ampliar a autonomia dos alunos. “Cada criança é única e exige estratégias personalizadas. Quando educadores e famílias trabalham juntos, o processo de inclusão se fortalece e os resultados são mais consistentes”, reforça.
Conteúdos disponíveis em blogs, cursos específicos e formações presenciais e on-line têm auxiliado professores a aprofundar conhecimentos sobre o TEA e a implementar práticas baseadas em evidências. A integração entre teoria e aplicação no cotidiano escolar é determinante para transformar a realidade de alunos autistas em todo o país.
Por Carolina Lara
Artigo de opinião