A geração hiperconectada e seus desafios para o desenvolvimento emocional e cognitivo dos jovens
Como a exposição constante às redes sociais impacta o cérebro, as emoções e as habilidades sociais na era digital
A presença constante nas redes sociais está transformando não apenas a forma como nos relacionamos, mas também a maneira como nosso cérebro funciona. Aline Graffiette, psicóloga e CEO da Mental One, alerta sobre os efeitos da hiperconexão no desenvolvimento emocional e social, especialmente entre jovens, mas também em adultos.
“Vamos falar sobre essa geração hiperconectada, que não é só a geração mais jovem, é a geração mais velha também. Temos pessoas na faixa dos 40 a 50 anos que passam 15 horas por dia nas redes sociais. Elas acabam sendo distraídas constantemente por novidades, e o dia passa sem perceberem”, explica Aline.
Segundo a psicóloga, o principal prejuízo não está apenas no campo emocional, mas na funcionalidade do cérebro. “Um cérebro acostumado a liberar dopamina constantemente, ou seja, prazer imediato e barato, não consegue desenvolver funções executivas. Isso é muito grave, porque quando não tenho função executiva, perco a capacidade de interpretação de texto e de pensamento crítico”, afirma.
Aline reforça a gravidade do cenário com dados recentes. “De acordo com o livro de Juliana Rosa, 29% da população adulta no Brasil é considerada analfabeta funcional. Essas pessoas sabem ler, escrever e assinar o nome, mas não conseguem planejar, executar, monitorar e acompanhar resultados. Sem essas habilidades, ficam limitadas a tarefas mecânicas, enquanto robôs e inteligências artificiais assumem funções mais complexas”, explica.
A especialista alerta ainda para os impactos emocionais da hiperconexão. “As redes sociais não estão nos conectando para criar ou desenvolver, mas para gerar dopamina. Isso provoca frustração e, consequentemente, depressão, já que as pessoas percebem que estão muito aquém do que desejam alcançar em termos pessoais e profissionais”, finaliza Aline.
A análise da psicóloga evidencia a necessidade de um olhar crítico sobre o uso das redes sociais e a importância de estratégias para estimular funções executivas, essenciais para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos indivíduos.
Por Aline Graffiette
psicóloga, CEO da Mental One
Artigo de opinião