Adoecimento no Trabalho: O Preço de Sistemas de Liderança Falidos
Como a infelicidade e a liderança ineficaz comprometem a saúde mental e a performance nas empresas brasileiras
Os brasileiros estão 9% mais infelizes no trabalho do que a média global, segundo pesquisa da Pluxee em parceria com a The Happiness Index. Entre os líderes, o dado é ainda mais alarmante: 28% dizem estar insatisfeitos, conforme levantamento da Robert Half. A pergunta que fica é: o que exatamente está falhando?
A infelicidade no trabalho não é um problema individual. É coletivo. Sistêmico. E, principalmente, negligenciado. As empresas seguem contratando consultorias de processos e esquecendo do que mais pesa na balança: as pessoas.
A estrutura tradicional de liderança no Brasil está em colapso. Delegar sem escutar. Cobrar sem formar. Exigir sem clareza. A equação é óbvia: o resultado é frustração, turnover, baixa performance e adoecimento psicológico.
E não pense que isso está restrito ao universo corporativo tradicional. Mesmo em setores altamente técnicos e regulados, como o de alimentos, o impacto de uma liderança ineficiente é devastador.
Não basta ensinar normas técnicas. É preciso ensinar como liderar. A técnica, sozinha, não segura um negócio. O que segura são pessoas que sabem como liderar equipes, lidar com pressão, inspirar em vez de impor. Empresas com estrutura perfeita, mas cultura tóxica, estão à beira do colapso.
Mas há solução? Sim. A pergunta certa não é “como fazer meu time render mais”, mas “o que o meu time precisa para funcionar bem”. Quando você inverte a lógica, os resultados aparecem. Muitas vezes, melhoram antes mesmo da próxima meta.
Além disso, o marketing interno é uma ferramenta subestimada que pode ajudar a reconstruir vínculos dentro das empresas, não só vender para fora. Ele é uma ponte entre o que a empresa acredita e o que as pessoas vivem no dia a dia. Comunicação não é só para atrair clientes. É para criar cultura, gerar pertencimento, alinhar propósitos. Quer gente engajada? Comece por contar direito o que vocês estão fazendo aí dentro.
Por Marcos Lavor
especialista em desenvolver equipes de alto desempenho e sócio da Food Smart, referência nacional em formação de profissionais para a área de segurança dos alimentos
Artigo de opinião