Como a inclusão de refugiados no mercado de trabalho transforma empresas e vidas

Ao abrir as portas para refugiados, sua empresa não só promove diversidade, mas também fortalece sua cultura e impacto social

Por um instante, convido você a imaginar algo: chegar a um país completamente novo, sem sequer saber dizer “por favor” ou “me ajude” no idioma local. E, junto disso, lidar com o medo de não ter onde dormir, o que comer, ou como garantir sua própria segurança.

Essa é a realidade — dolorosa e urgente — de milhões de pessoas que vivem em situação de refúgio. Em 2024, segundo a ACNUR, mais de 122 milhões de seres humanos foram forçados a deixar seus lares. Por guerras, crises, perseguições. Gente como eu e você, buscando apenas uma chance de recomeçar.

Agora pense: e se, ao cruzarem a fronteira, essas pessoas soubessem que há empresas dispostas a recebê-las? Que o mercado de trabalho pode ser uma ponte concreta para uma vida mais digna, mais estável?

Desde que assumi a liderança da Foundever aqui no Brasil, venho aprendendo, na prática, que contratar pessoas refugiadas não é apenas uma ação social. É uma escolha estratégica. Ajuda, sim, a combater o desemprego que atinge duramente esse grupo, mas vai muito além disso: fortalece a cultura da empresa, traz novas perspectivas para os times, melhora a retenção, aumenta o engajamento e, ainda, nos permite ampliar os nossos serviços na América Latina.

Desde 2015, já passaram em nossa empresa 2.186 pessoas em situação de refúgio. Atualmente, contamos com mais de 600 colaboradores refugiados ativos — e seguimos com o nosso compromisso firmado no Pacto Global de chegar a mil posições até 2027.

A cada história que cruzou o nosso caminho, ganhamos não apenas um talento, mas uma bagagem de resiliência, coragem e gratidão que transforma todo o ambiente ao redor. Muitos que recomeçaram suas carreiras conosco, hoje atuam de volta à sua formação inicial, ou ainda desenvolveram novas habilidades em outras áreas de atuação a partir do que aprenderam conosco.

O impacto vai além dos nossos escritórios. O que começou como uma iniciativa interna hoje inspira familiares, amigos e parceiros a também olharem para a causa com mais empatia. E quando vejo nossos times trabalhando lado a lado, trocando experiências e se apoiando, percebo o quanto isso tem sido poderoso para fortalecer o senso de pertencimento.

Muitas lideranças já entenderam que diversidade importa. Mas, ainda há um passo que poucos deram: incluir refugiados dentro desse compromisso. É uma oportunidade de unir impacto social real com a riqueza cultural que só quem viveu o desafio de recomeçar pode trazer.

Ao contratar refugiados, sua empresa se torna mais do que um local de trabalho. Ela se torna um lugar de acolhimento e reconstrução. E, ao fazer isso bem, naturalmente inspira outras companhias a seguirem pelo mesmo caminho. Porque aquilo que dá certo deve ser compartilhado.

O futuro não é um conceito distante. Ele está sendo moldado agora — pelas escolhas que fazemos todos os dias. E oferecer trabalho a quem mais precisa é uma das formas mais concretas e humanas de fazer parte dessa transformação.

Que possamos, como líderes, assumir esse papel com coragem e responsabilidade. Afinal, a diversidade, a inclusão e a empatia não são apenas bandeiras — são fundamentos do futuro do trabalho.

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Por Laurent Delache

CEO Brasil da Foundever, líder global em CX – empresa parceira da ACNUR e integrante do Fórum Empresas com Refugiados

Artigo de opinião

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