Dia dos Pais e a Revolução da Medicina na Paternidade Homoafetiva

Como a ciência e o amor se unem para transformar sonhos em realidade e desafiar preconceitos na construção de famílias modernas

No próximo domingo será um dia ainda mais especial na vida de duas famílias que superaram barreiras e com ajuda da medicina irão celebrar a paternidade conquistada de formas diferentes. Para o casal homoafetivo Jarbas e Mikael, essa celebração tem um sabor ainda mais significativo: eles são os primeiros pais do Sul do Brasil a terem uma filha com o DNA dos dois. Antonella, de um ano, nasceu em 17 de maio – Dia Mundial de Luta contra a LGBTfobia – e se tornou símbolo de que o amor, aliado à ciência, pode superar qualquer barreira.

A história deste casal, que hoje conta com mais de 154 mil seguidores nas redes sociais e 15 milhões de visualizações em 30 dias, representa uma nova realidade da paternidade moderna, onde a reprodução assistida se torna aliada fundamental para casais homoafetivos realizarem o sonho de formar uma família.

“O primeiro bebê nascido com o DNA de dois pais no Sul do Brasil é uma definição representativa e de bastante orgulho para nós”, afirma Mikael, emocionado ao relembrar a jornada que culminou no nascimento de Antonella. “Usamos a ciência a favor do amor”, complementa Jarbas, destacando como a medicina reprodutiva possibilitou que seu sonho se tornasse realidade.

A pequena Antonella não é apenas a primeira bebê com essa característica genética na região Sul, mas carrega um simbolismo ainda maior: nasceu exatamente no Dia Mundial de Luta contra a LGBTfobia, transformando-se em um ícone da luta contra o preconceito e a favor da diversidade.

“A rotina de Antonella virou um fenômeno nas redes sociais de um público engajado contra o preconceito e a favor da diversidade, uma bandeira que levantamos diariamente compartilhando o amor na criação da nossa filha”, explica o casal, que escolheu usar sua visibilidade para mostrar que “o preconceito não é capaz de esterilizar a coragem de quem luta por existir”.

Para Jarbas e Mikael, a reprodução assistida transcendeu o aspecto puramente médico. “Não foi apenas um caminho médico — foi um ato de afirmação, um grito silencioso de que toda forma de amor é digna de gerar, cuidar e florescer”, refletem os pais, enfatizando como a ciência se tornou uma grande aliada dos casais homoafetivos que decidem gerar um filho.

A jornada do casal representa uma mudança paradigmática na sociedade brasileira, onde a paternidade homoafetiva ganha cada vez mais visibilidade e aceitação, apoiada pelos avanços da medicina reprodutiva.

Dr. Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana da Clínica Mãe, acompanha de perto histórias como a de Mikael e Jarbas. Para o médico, casos como este trazem uma reflexão importante sobre as possibilidades que a fertilização in vitro (FIV) oferece para diferentes tipos de casais.

“Nesse momento é oportuno refletir sobre a diversidade de formas que a maternidade e a paternidade podem assumir na sociedade contemporânea e sobre como a reprodução assistida tem possibilitado que casais homoafetivos realizem o sonho de formar uma família”, destaca Dr. Massaguer.

O avanço das técnicas de reprodução assistida, segundo o especialista, abre novas portas para pessoas que antes enfrentavam barreiras para terem seus filhos, democratizando o acesso à paternidade e maternidade independentemente da orientação sexual.

Curiosamente, o próprio Dr. Alfonso Massaguer conhece de perto os desafios da reprodução assistida. Formado na Universidade de São Paulo e com especialização na Espanha, o diretor-médico das clínicas MAE (Medicina de Atendimento Especializado) e da Engravida não esperava que ele mesmo enfrentaria esse desafio.

Sua esposa, Patrícia, tinha ovários policísticos, amenorreia central (ausência de menstruação causada pelo hipotálamo ou pela hipófise), endométrio fino e um útero inapto para receber um embrião. O casal decidiu realizar a fertilização in vitro (FIV), conseguindo a gravidez após a terceira tentativa.

A jornada, no entanto, foi repleta de desafios. Patrícia passou por uma cirurgia para a costura do colo de útero, e o bebê nasceu prematuro, com 31 semanas e 5 dias. O recém-nascido teve uma infecção nos primeiros dias de vida, perdendo 500 gramas e permanecendo 38 dias entre UTI e semi-UTI.

“A resiliência e, principalmente, a esperança foram fundamentais para que Patrícia e eu conseguíssemos atravessar essa fase juntos, fortalecendo ainda mais nossa parceria em prol da saúde do nosso filho”, conta Dr. Massaguer.

Hoje, Nicolas tem 6 anos, é um garoto saudável e ganhou um irmãozinho, Marc, que nasceu com 40 semanas, para o alívio dos pais.

“Após passar por duas experiências tão distintas, mas ao mesmo tempo tão complementares e importantes, posso afirmar que meus papéis de homem, marido, médico, pai e paciente se misturaram, e eu pude sentir a angústia que as pessoas sentem diariamente ao lidar com complicações nas diferentes etapas da gestação – antes, durante e depois dela”, reflete o médico.

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Por Dr. Alfonso Massaguer

Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Ginecologista e Obstetra pelo Hospital das Clínicas, especialista em Reprodução Humana com 20 anos de experiência, diretor clínico da MAE (Medicina de Atendimento Especializado), ex-professor do curso de reprodução humana da FMU, membro da FEBRASGO, das Sociedades Catalãs de Ginecologia e Obstetrícia e da ASRM, diretor técnico da Clínica Engravida, autor de capítulos em livros de medicina, com experiência internacional na Espanha e Canadá

Artigo de opinião

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