Medicina Integrativa: Novos Caminhos para a Saúde da Mulher
Como abordagens naturais e multidisciplinares estão transformando o cuidado feminino em todas as fases da vida
Ciclos femininos, menopausa, hormônios, gestação, maternidade, saúde mental e por aí vai. Em matéria de saúde, as mulheres têm pontos fundamentais dos quais não se pode abrir mão. Porém, longe de depositarem todas as fichas nas medicações e terapias mais tradicionais, cada vez mais, elas buscam alternativas naturais e integrativas para cuidarem da saúde, e não só combaterem os sintomas de uma doença que possa acometê-las.
Sob essa perspectiva de cuidado multidisciplinar, a medicina integrativa tem ganhado destaque ao proporcionar uma abordagem mais ampla e holística nos cuidados com a saúde da mulher. Ao unir práticas convencionais e complementares, essa modalidade tem como foco tratar a mulher de maneira integral, considerando não apenas os sintomas físicos, mas também aspectos emocionais, mentais e espirituais.
Ao longo da vida da mulher, desde a menarca com seus ciclos, gestação e puerpério, até a entrada na menopausa, é fundamental compreender as mudanças e desafios que cada fase traz. Em determinados momentos, doenças prevalentes podem surgir; em outros, é a passagem de fase e as transformações que ela acarreta que merecem atenção.
A leitura e a prática da medicina integrativa trazem abordagens e soluções mais sustentáveis e menos invasivas, por meio de terapias complementares como nutrição, estilo de vida, suplementação, acupuntura, meditação, práticas mente-corpo, fitoterapia e técnicas de relaxamento, sempre em conjunto com a medicina convencional.
Longe de querer levar a saúde da mulher para a patologia, essa abordagem propõe a promoção da saúde, mesmo quando há doenças presentes. O convite se estende também aos profissionais da área, para que sejam exemplos para seus pacientes, promovendo o autocuidado e a prevenção.
A menopausa, tema muito debatido na medicina da mulher, ainda gera polêmicas. Mulheres que passam por essa fase podem fazer uso da reposição hormonal, mas também buscam aliviar sintomas como fogachos, cansaço, insônia, ganho de peso e perda da libido por meio de mudanças no estilo de vida, aconselhamento nutricional, acupuntura, uso de fitoterápicos e suplementos nutricionais específicos. Saber como e quando escolher e associar esses diferentes caminhos é essencial para um tratamento eficaz.
O diferencial da medicina integrativa está em tratar os pacientes como um todo, promovendo o autocuidado e a prevenção — esta última de grande importância, pois trata previamente os desequilíbrios que podem levar às doenças, não atacando somente os sintomas. Essa união de abordagens oferece maior autonomia às mulheres, que passam a ter mais ferramentas para gerenciar sua saúde de forma ativa e consciente.
A adoção das práticas integrativas deve se tornar cada vez mais comum na vida das mulheres, pois orienta para um futuro promissor, no qual o equilíbrio entre saúde física, corpo e mente é prioritário.
Não é fácil propor modelos integrativos para uma medicina tradicionalmente baseada em doença, e não em saúde. No entanto, essa reflexão e aprofundamento podem acrescentar conhecimento valioso à prática de muitos profissionais da área, refletindo positivamente na vida de seus pacientes.
Por Helena Campiglia
Médica formada pela Universidade de São Paulo (USP), Residência em Clínica Médica, especialização em Acupuntura, Medicina Chinesa e Endocrinologia Ginecológica, formada em Medicina Integrativa pelo fellowship no AWCIM pela Universidade do Arizona (EUA), professora convidada na Universidade McMaster, Toronto (Canadá), mentora dos alunos do Fellowship de Medicina Integrativa no AWCIM pela Universidade do Arizona (EUA), autora de livros na área, atua há mais de 25 anos unindo Medicina convencional às práticas integrativas.
Artigo de opinião