Desmistificando a Menopausa: 10 Mitos que Precisam Ser Derrubados

Entenda como informações equivocadas comprometem a saúde e a qualidade de vida das mulheres na menopausa e por que é urgente mudar essa realidade

Ondas de calor, variações de humor e noites mal dormidas são alguns sintomas conhecidos por quem atravessa a menopausa, mas reduzi-la a isso é negligenciar um capítulo fundamental da saúde da mulher. Enquanto parte da medicina hesita em tratar o tema com a profundidade necessária, milhões de mulheres seguem desinformadas, desacreditadas e, pior, desamparadas.

São muitos os mitos que cercam essa fase da vida feminina e que pedem urgência na revogação:

1 – São apenas ondas de calor. Cerca de 80% das mulheres enfrentam esse sintoma, mas a menopausa provoca quase 70 outras interferências na saúde da mulher. Confusão mental, insônia, secura vaginal e dores articulares também são manifestações comuns que revelam a influência do estrogênio no corpo todo.

2 – É tudo culpa dos hormônios. Ao contrário do apagamento histórico da saúde feminina, cresce uma tendência oposta e igualmente equivocada ao atribuir todos os desconfortos à menopausa. Fadiga, por exemplo, pode indicar deficiência de ferro, alterações da tireoide ou carência de vitaminas. A pressa e o rótulo pronto podem mascarar doenças.

3 – Terapia hormonal é arriscada. Desde 2002, quando um estudo associou o uso de hormônios a riscos cardiovasculares e câncer de mama, muitas mulheres abandonaram o tratamento. Porém, revisões importantes indicam que, principalmente para pacientes entre 40 e 50 anos com sintomas intensos, os benefícios são significativos e os riscos baixos. O FDA está reavaliando o uso da terapia hormonal, já que estudos mais recentes não corroboram associação ao câncer de mama.

4 – Hormônios são a única solução. Quando a reposição não é indicada, existem alternativas eficazes e validadas, tanto com medicamentos quanto com terapias cognitivas e até exercícios respiratórios, que oferecem alívio. Para a secura vaginal, o ácido hialurônico também é uma opção.

5 – Natural é sempre melhor. Suplementos à base de plantas e hormônios se popularizaram como “seguros”, mas não há respaldo científico e pouca regulação. Marketing e promessas sem bula podem colocar a saúde em risco.

6 – É só ter paciência que passa. O discurso da resistência pode custar caro e aumentar o risco cardíaco, declínio cognitivo e perda óssea. Negar tratamento é abrir espaço para complicações que poderiam ser evitadas.

7 – Os sintomas são passageiros. Para muitas mulheres, podem durar mais de 10 anos e começar antes dos 40, mas ainda assim, muitas queixas são desconsideradas por médicos que se baseiam apenas na idade.

8 – O desejo sexual desaparece para sempre. Queda de libido e desconforto têm tratamento; lubrificantes e estrogênio local ajudam a reconstruir a conexão com o prazer. O silêncio agrava o problema.

9 – Perimenopausa é sinônimo de infertilidade. Mesmo com ciclos irregulares, há risco de gravidez até 12 meses completos sem menstruação.

10 – A menopausa é o fim de tudo. Para muitas, é o início de um período marcado por autonomia e liberdade. Menos preocupadas com a opinião alheia e mais conectadas com o próprio corpo, elas vivem esse momento como uma reconciliação.

Falar sobre menopausa com seriedade, informação e escuta ativa é urgente, todos os dias. O que as mulheres não sabem pode fazer toda a diferença no modo como atravessam essa etapa, que é inevitável e cheia de possibilidades.

F

Por Fabiane Berta

Médica ginecologista e pesquisadora formada pela FMSCSP; mestranda no núcleo da Endometriose Dor Pélvica e Menopausa pela UNIFESP; pós-graduada em Endocrinologia, Neurociências e Comportamento; Key Opinion Maker Fagron Brasil; Pl e Chefe do Steering Committee do Estudo MYPAUSA; Creator e Founder do MYPAUSA

Artigo de opinião

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