A importância dos multiplicadores para manter a cultura organizacional em crescimento
Como a cultura corporativa pode se perder com o crescimento acelerado e por que líderes e colaboradores são fundamentais para preservá-la
Por trás de boa parte das empresas que crescem rápido, existe um risco difícil de detectar nos números: a perda de identidade cultural. Novas lideranças, contratações aceleradas, fusões. Tudo isso desafia os valores da organização e, quando não há uma estratégia clara, a cultura fica para trás.
Essa perda de identidade não é um problema abstrato. Uma pesquisa recente do Infojobs mostra que 71,6% dos profissionais da Geração Z afirmam que deixariam um emprego na qual a cultura organizacional seja tóxica ou desalinhada com seus valores. E essa geração já representa cerca de 20% da força de trabalho, mais exigente com a coerência entre discurso e prática.
Cultura viva exige multiplicadores, não só discurso
A cultura precisa ser intensificada, sendo vivenciada e multiplicada em todos os níveis da organização. Cultura é um tema da liderança e de todos na organização. A área de recursos humanos pode ser facilitadora, mas a cultura é sustentada pelo coletivo da organização.
A cultura se manifesta nas decisões difíceis, nos exemplos silenciosos, nas conversas entre líderes e times. São as pessoas que fazem isso acontecer. A cultura é, essencialmente, o jeito como elas tomam decisões e fazem as coisas acontecerem na organização.
É por isso que a formação intencional de multiplicadores de cultura é fundamental. São profissionais que vivem os valores da empresa com coerência e constância. Gente que entrega resultado sem abrir mão do comportamento esperado, em todos os níveis da organização.
São profissionais de referência, que inspiram pelo exemplo, influenciam o grupo com atitudes, asseguram o clima, independente do contexto. Essas pessoas precisam ser identificadas, valorizadas e apoiadas. Apesar da importância, poucas empresas têm um processo estruturado para reconhecer e desenvolver esses perfis.
Cultura organizacional não se constrói apenas com discursos inspiradores, mas com comportamentos consistentes e coerentes ao longo do tempo. Exige coragem para reconhecer que esse é um trabalho de todos — demanda intencionalidade, compromisso coletivo e liderança ativa.
Ferramentas e tecnologia para fortalecer a cultura
Multiplicadores de cultura não são fiscais, mas referências que inspiram pelo exemplo. Para isso, é essencial oferecer ferramentas que os preparem para lidar com conversas difíceis, dar feedbacks e tomar decisões alinhadas aos valores da organização.
Hoje, soluções tecnológicas de recrutamento e seleção já possibilitam mapear, desde o processo seletivo, o alinhamento dos candidatos com a cultura organizacional. Essa inteligência ajuda as empresas a identificar potenciais multiplicadores antes mesmo da admissão, dando mais consistência à construção de equipes alinhadas aos valores da organização.
Muitos líderes não se sentem confortáveis para falar sobre cultura porque não sabem por onde começar. Quando oferecemos dados, sugestões de abordagem e exemplos concretos, essas conversas deixam de ser subjetivas e passam a ser parte da rotina.
Cultura Corporativa: clareza, coragem e consistência
O desafio não está em definir uma cultura ideal, mas em garantir que ela se sustente no dia a dia, de forma prática. E isso não exige campanhas caras ou slogans criativos, mas clareza, consistência e coragem.
Uma cultura sustentada apenas pelo RH é vulnerável. Mas quando está enraizada nas pessoas, ela se torna parte da identidade organizacional — e uma identidade forte é capaz de atravessar qualquer transformação com coerência e resiliência.
Por Patrícia Suzuki
CHRO da Redarbor Brasil
Artigo de opinião