Como preparar seu filho para estudar em universidades nos EUA: cinco passos essenciais
Estratégias práticas e insights para garantir a matrícula e o sucesso acadêmico do seu filho em instituições americanas
Enviar um filho para cursar uma universidade nos Estados Unidos é o sonho de muitos pais brasileiros, e uma meta que exige planejamento financeiro, conhecimento dos trâmites educacionais e adaptação cultural. A jornada vai muito além de boas notas no boletim escolar, envolvendo foco, documentação detalhada dos pais e uma análise minuciosa de perfil por parte da universidade.
Meu filho não era o melhor aluno da sala. Sempre passou de ano, ia bem nas disciplinas de humanas, mas não tinha um GPA excepcional. O que fez a diferença foi o conjunto, quem ele é, quem somos nós como família e o que ele pode se tornar.
Etapa 1: foco e escolha da universidade
Ao contrário da estratégia comum nos EUA, que consiste em aplicar para várias instituições e escolher entre as opções aprovadas, decidi concentrar os esforços em uma única universidade. Assumi o risco. Se não desse certo, teríamos que rever tudo. Mas preferi apostar em foco e preparo, conhecendo de perto o campus, conversando com coordenadores e visitando a faculdade antes de aplicar.
Segundo dados do National Center for Education Statistics (NCES), há mais de 4 mil instituições de ensino superior nos EUA. A taxa média de aceitação nas universidades é de 68%, mas nas mais competitivas, como Harvard ou Stanford, esse índice cai para menos de 5%.
Etapa 2: documentos e comprovação de renda
Mesmo após a aceitação inicial, a matrícula não é garantida sem uma segunda triagem, a análise do histórico familiar. A universidade solicitou todos os documentos acadêmicos, currículos, certificados e declarações fiscais nos quatro países onde atuo: Brasil, Estados Unidos, Itália e Panamá.
Não foi só o imposto de renda dos EUA. Tive que enviar os rendimentos do exterior também. A universidade quer entender quem está por trás do estudante. Eles avaliam o potencial de contribuição futura do aluno e o histórico da família.
Além da comprovação de capacidade de pagamento, optei por não solicitar bolsas nem financiamentos públicos. Quis que meu filho estudasse com tranquilidade, sem depender de aprovação de auxílio. Preferi me preparar financeiramente com antecedência.
Etapa 3: custo e planejamento financeiro
Estudar em uma universidade americana é um investimento significativo. De acordo com o College Board, o custo médio anual de uma universidade pública para residentes fora do estado (como é o caso da maioria dos estudantes estrangeiros) é de US$ 27 mil. Já nas universidades privadas, esse valor ultrapassa US$ 38 mil por ano.
No nosso caso, o custo estimado foi de US$ 150 mil a US$160 mil para os quatro anos de graduação, fora despesas com moradia, alimentação, plano de saúde, livros e transporte. Universidades mais renomadas ultrapassam os US$ 60 mil por ano, mas há boas opções na faixa dos 20 a 40 mil dólares anuais que oferecem estrutura e reconhecimento.
Etapa 4: curso, inglês e adaptação
Meu filho optou por iniciar o curso com foco em Political Science, com intenção de seguir para a área de Direito (Law School) no futuro. A graduação tradicional em Direito nos EUA exige primeiro um Bachelor’s Degree, seguido por mais três anos de Juris Doctor (JD) e aprovação no exame da ordem (Bar Exam).
Sobre o domínio do inglês, sou direto: o aluno brasileiro que estudou inglês no Brasil não está preparado. A diferença de sotaques nos EUA é brutal. Meu filho convive com colegas indianos, chineses, hispânicos e americanos de diferentes regiões. Se o jovem não fez o ensino médio nos EUA, vai ter mais dificuldade para acompanhar.
Por isso, recomendo que, quando possível, os estudantes brasileiros concluam o High School nos Estados Unidos. Isso ajuda na fluência, na adaptação à cultura acadêmica local e facilita a entrada em boas universidades.
Etapa 5: carga horária e diploma duplo
Uma vantagem destacada na experiência foi a flexibilidade do sistema americano. Com a estrutura de créditos e janelas de horário, o estudante pode aproveitar disciplinas eletivas para obter mais de um diploma. Com o planejamento certo, meu filho vai sair com três graduações em áreas complementares: Political Science, Business e Criminal Justice. Isso amplia muito as possibilidades futuras.
Acredito que o maior erro dos pais é criar expectativas descoladas da realidade. Muitos acham que os filhos vão direto para Harvard. Isso pode gerar frustração se não acontecer. O importante é alinhar a escolha com o perfil do aluno e entender que a faculdade americana está buscando quem tem potencial para agregar à marca dela, seja no mercado, no empreendedorismo ou na carreira acadêmica.
O passo mais importante é se planejar com antecedência e conhecer bem o que está por trás das exigências. A universidade quer saber se o aluno é capaz, se os pais podem sustentar o projeto e se a trajetória da família pode trazer orgulho para a instituição no futuro. Quando isso está claro, as portas se abrem.
Por Daniel Toledo
Advogado especializado em Direito Internacional, consultor de negócios internacionais, palestrante, sócio da LeeToledo PLLC, membro da Comissão de Relações Internacionais da OAB Santos, professor honorário da Universidade Oxford, consultor em protocolos diplomáticos do Instituto Americano de Diplomacia e Direitos Humanos USIDHR
Artigo de opinião