Ansiedade Infantil na Volta às Aulas: Como Identificar e Acolher os Sinais de Estresse

Entender as emoções das crianças no retorno à escola é fundamental para promover uma adaptação saudável e fortalecer vínculos afetivos.

O retorno às aulas, por mais esperado que seja, nem sempre é vivido com leveza por todas as crianças. Mudanças de rotina, separação dos pais, novas exigências acadêmicas e o ambiente social podem desencadear uma série de reações emocionais, muitas vezes confundidas com simples resistência ou preguiça.

Quando os sinais são persistentes e intensos, é provável que a criança esteja vivenciando um quadro de ansiedade que precisa ser acolhido com escuta, afeto e orientação adequada.

Entre os sintomas mais comuns da ansiedade no início do ano letivo estão queixas físicas como dor de barriga ou de cabeça antes da escola, irritabilidade, crises de choro, dificuldades para dormir, medo excessivo de se separar dos pais e até apatia diante de atividades antes prazerosas.

A diferença entre a ansiedade e a adaptação comum está na intensidade e na duração desses sinais. É normal que algumas crianças relutem um pouco nos primeiros dias, mas se o sofrimento se mantém e afeta outras áreas da vida, é um sinal de alerta.

Para ajudar na readaptação, uma abordagem acolhedora e propositiva é fundamental. Organizar uma rotina previsível, conversar com calma sobre os sentimentos e destacar os aspectos positivos da escola pode fazer muita diferença. O simples ato de perguntar “qual parte do dia foi difícil?” ou “teve algo legal hoje?” ajuda a criança a se sentir vista e compreendida, além de fortalecer o vínculo com os pais ou cuidadores.

A escuta ativa é uma das ferramentas mais poderosas nesse processo. Evitar minimizar os sentimentos com frases como “isso é bobagem” ou “para com isso” e acolher com expressões como “vamos entender isso juntos” cria segurança emocional e ensina a criança a nomear o que sente. Muitos adolescentes relatam que não se sentem ouvidos, que tentam falar e são interrompidos ou ignorados. Isso não é só triste, é perigoso.

Outro ponto importante é o papel das atividades físicas e lúdicas como estratégia de descarga emocional. Brincar, correr, dançar ou fazer jogos criativos são maneiras saudáveis de liberar tensões, especialmente em períodos de transição como a volta às aulas. O corpo também sente e precisa se movimentar para processar o que está sendo vivido. O brincar é um remédio natural contra a ansiedade infantil.

Preparar emocionalmente as crianças ainda durante os últimos dias de férias é uma forma eficaz de reduzir a sobrecarga. Não se trata de antecipar cobranças, mas de abrir espaço para o emocional se organizar. Conversar sobre as lembranças positivas da escola, envolver a criança na organização do material escolar e ir ajustando os horários gradualmente são atitudes simples que geram conforto e pertencimento. Evite frases como “acabou a alegria” ou “vai começar o sofrimento”. Fale da escola com afeto, diga que será bom rever os colegas, que há coisas divertidas por lá também.

Quanto mais emocionalmente preparada a criança estiver, maior será sua capacidade de adaptação e menor será a ansiedade no retorno. Criança que se sente escutada, respeitada e acolhida aprende a confiar no ambiente, e, principalmente, aprende a confiar em si mesma.

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Por Marcella Jardim

sexóloga, educadora sexual, psicanalista, professora de filosofia

Artigo de opinião

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