O impacto transformador do aleitamento materno na saúde física e emocional
Como a amamentação fortalece o vínculo mãe-bebê e promove benefícios duradouros para ambos
Um dos vínculos mais profundos e significativos entre mãe e filho se estabelece durante a amamentação. Nesse período, o leite materno – amplamente reconhecido por seu valor nutricional – desempenha papel fundamental, promovendo saúde, desenvolvimento e proteção ao bebê desde os primeiros dias de vida. Com o objetivo de reforçar a relevância desse ato de amor e cuidado, o Agosto Dourado foi instituído como uma campanha nacional de conscientização, dedicada a valorizar o aleitamento materno como prática fundamental para a saúde individual e coletiva.
O aleitamento materno é uma via de mão dupla, com benefícios que se estendem tanto para o recém-nascido quanto para a mulher. Para o bebê, representa proteção imunológica, nutrição perfeita e fortalecimento da relação com a mãe. Para a mulher, amamentar acelera a recuperação uterina, reduz o risco de hemorragia pós-parto e ainda atua na prevenção de doenças como câncer de mama e ovário.
Além dos benefícios físicos, a amamentação traz impactos emocionais positivos. O contato pele a pele entre mãe e filho estimula a produção de ocitocina, conhecida como o “hormônio do amor”, que contribui para o acolhimento e ajuda na prevenção da depressão pós-parto. Entretanto, a jornada da amamentação pode ser desafiadora. Dor, fissuras nos mamilos, ingurgitamento mamário, dúvidas sobre a produção de leite e o retorno ao trabalho são obstáculos frequentemente enfrentados pelas mulheres. É papel do ginecologista oferecer suporte desde o pré-natal, com orientações claras, avaliações pós-parto e tratamento de possíveis intercorrências como mastites.
O suporte deve ser técnico, mas também afetivo. Além de tratar, é fundamental escutar, acolher e orientar, inclusive sobre ordenha (retirada do leite), armazenamento e o uso de bancos de leite.
É importante destacar a necessidade de conscientização e ações efetivas sobre o tema. Entre as medidas necessárias estão a licença-maternidade de seis meses para todas as mulheres, a implantação de salas de apoio à amamentação nos ambientes de trabalho e o treinamento de profissionais de saúde para lidar com o tema com sensibilidade e informação. Apoiar a mulher que amamenta é investir em saúde pública. Também é fundamental naturalizar a amamentação em locais públicos e valorizar o tempo da mãe com o bebê, sem julgamentos ou pressões.
Do ponto de vista da saúde feminina, a amamentação é uma aliada poderosa. Estudos comprovam que o ato reduz o risco de câncer de mama e ovário, graças à inibição temporária da ovulação e à regeneração das células mamárias após a gestação.
O corpo feminino se prepara para amamentar desde a 16ª semana de gestação. No entanto, fatores como separação precoce da mãe e do bebê, estresse emocional, uso indevido de fórmulas e falta de orientação podem dificultar esse processo, mesmo quando há desejo materno de amamentar.
Embora raras, existem contraindicações ao aleitamento, como em casos de infecção por HIV, HTLV ou uso de medicamentos específicos. Em situações como dor intensa, febre, baixa produção de leite ou dúvidas sobre remédios, a mulher deve procurar orientação médica.
A boa notícia é que, na maioria das vezes, é possível seguir amamentando com segurança. A informação e o acolhimento fazem toda a diferença nesse processo tão essencial para a vida.
Por Dra. Daniella Campos Oliveira
Médica da Clínica Elsimar Coutinho em São Paulo. Especialista em Cirurgia Minimamente Invasiva, Ultrassonografia Geral e em GO pelo Ibcc e Ginecologia Regenerativa Funcional e Estética pela ABGRE. Especialização em Nutrologia pela USP/RP e Nutro Esportiva.
Artigo de opinião