Os riscos ocultos das dietas restritivas sem orientação profissional

Como a busca por emagrecimento rápido pode comprometer a saúde física e mental e o que fazer para um emagrecimento sustentável

O culto ao corpo ideal nas redes sociais tem impulsionado modismos alimentares perigosos. Dietas extremamente restritivas, seguidas sem orientação profissional, estão por trás de um aumento silencioso de distúrbios metabólicos, deficiências nutricionais e transtornos alimentares.

Em tempos de redes sociais, em que a estética funciona como critério de aceitação, estar fora do ideal estético virou motivo de incômodo não só para mulheres como também para os homens. Cabelos perfeitos, dentes alinhadíssimos, pele impecável e corpos esculturais são os requisitos indispensáveis para se enquadrar. Com isso, não faltam dietas que prometem emagrecimento imediato. O problema? Quando seguidas sem acompanhamento de um profissional, podem causar prejuízos reais à saúde física e mental.

O pensamento ainda é errôneo em relação a como comer e emagrecer. Muita gente acredita que comer menos leva a mais resultado. Mas esse tipo de prática ignora as particularidades de cada corpo e pode desencadear efeitos colaterais sérios, ainda que muitas vezes silenciosos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com excesso de peso e desse total, 650 milhões são consideradas obesas. Só no Brasil, dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE) mostram que 60,3% da população adulta está com sobrepeso, um número que cresceu de forma expressiva nos últimos anos. Diante desse cenário, é compreensível que o desejo por emagrecimento rápido alimente modismos, mas nem por isso deve ser normalizado.

É preciso desmistificar a ideia de que saúde se resume à balança. Dietas muito restritivas até podem apresentar perda de peso rápida no início, mas costumam ser insustentáveis e perigosas a médio e longo prazo. O corpo responde com queda de energia, desequilíbrio hormonal, prejuízos digestivos e até transtornos alimentares silenciosos.

Entre os modismos mais nocivos estão as dietas de jejum prolongado sem acompanhamento, protocolos cetogênicos adotados por conta própria, detox com base apenas em líquidos e o consumo exagerado de suplementos sem prescrição. O maior problema está na forma como a dieta é seguida. Executá-las sem qualquer orientação profissional é o maior risco.

Riscos físicos de dietas sem orientação:
– Deficiências nutricionais: Dietas que eliminam grupos alimentares como carboidratos, gorduras ou legumes podem causar carência de vitaminas, minerais e proteínas, resultando em anemia, fraqueza, queda de cabelo e unhas frágeis.
– Metabolismo desacelerado e efeito sanfona: A restrição calórica intensa ativa respostas adaptativas do corpo, reduzindo a taxa metabólica basal. Isso torna a manutenção da perda de peso difícil, e favorece o reganho, muitas vezes com mais massa do que antes.
– Perda de massa magra e comprometimento de funções físicas: O consumo reduzido de nutrientes e energia enfraquece músculos e impacta atividades diárias.
– Compulsão alimentar e transtornos: Dietas rígidas tendem a gerar ansiedade, frustração e episódios de compulsão. Não é raro que pessoas desenvolvam anorexia, bulimia ou comportamentos alimentares disfuncionais como resposta à privação.
– Sintomas psicológicos: Isolamento, culpa e insatisfação corporal são comuns entre quem segue regimes rígidos. Estudos apontam aumento da irritabilidade, depressão e ansiedade, particularmente entre quem não tem suporte profissional.

O que realmente funciona: escolhas consistentes, não extremas.

A busca por um corpo saudável não precisa (nem deve) passar por sofrimento. O segredo está na constância e não na privação. Um plano alimentar eficaz deve considerar:
– Realidade individual: rotina, metabolismo, histórico de saúde e preferências;
– Equilíbrio nutricional: carboidratos, proteínas e gorduras boas em proporções ajustadas;
– Alimentação com prazer: comer bem não é comer pouco e sim comer certo;
– Hidratação, sono e atividade física: emagrecimento não depende só do prato.

Não existe fórmula mágica. O processo é pessoal, progressivo e, acima de tudo, sustentável. Quando o emagrecimento respeita o corpo, ele acontece com saúde e permanece.

N

Por Nathalia Maria Ribeiro Rodrigues

Nutricionista clínica formada pela PUC Goiás; Coach em Nutrição Esportiva pela Link Education (EUA); atua com foco em nutrição funcional, emagrecimento, nutrição estética e esportiva; abordagem integrativa e individualizada.

Artigo de opinião

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