A Importância da Alimentação Escolar na Formação de Hábitos Saudáveis desde a Infância

Como as escolas podem combater o crescimento do consumo de ultraprocessados e promover escolhas alimentares conscientes

Um estudo realizado entre 2023 e 2024 por pesquisadores da USP e da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), com dados de oito países, aponta que o aumento de 10% no consumo de alimentos ultraprocessados na dieta está associado a um risco 3% maior de morte precoce. As conclusões, publicadas na revista científica American Journal of Preventive Medicine, mostram que, em países como o Brasil, os ultraprocessados podem representar entre 15% e 55% das calorias consumidas diariamente, e indicam que as mortes atribuíveis ao consumo desses alimentos variam de 4% a 14%, dependendo do país.

Esses dados reforçam a urgência de ações concretas, especialmente nas escolas. Hoje, as instituições de ensino têm uma responsabilidade muito maior em relação à alimentação, pois grande parte do dia as crianças se alimentam na escola. Por isso, a escola desempenha um papel chave na educação nutricional. A alimentação escolar deve ser encarada como parte do aprendizado. A criança precisa aprender a conviver com uma alimentação coletiva, entender que nem sempre vai comer só o que gosta e experimentar novos sabores.

Medidas práticas e educativas devem fazer parte de uma estratégia abrangente. Além de oferecer um cardápio equilibrado, as escolas precisam investir em ações de conscientização, envolver os pais, promover palestras e atividades que ajudem a construir hábitos saudáveis. A influência das escolhas familiares no dia a dia é significativa. O lanche escolar, por exemplo, é um grande problema em relação aos ultraprocessados. Por falta de tempo, muitos pais optam pelo mais prático, como biscoitos recheados. Observa-se que, ao ingressar no ensino fundamental, o consumo desses alimentos aumenta muito, assim como crescem os casos de obesidade, diabetes e hipertensão em idades cada vez mais precoces.

Especialistas defendem políticas públicas que limitem o acesso a esses produtos, como rotulagem adequada, restrições de venda em ambientes escolares e tributação de itens nocivos à saúde. Contudo, mesmo com mudanças nas políticas públicas, o trabalho contínuo de educação alimentar — dentro e fora das salas de aula — é o que oferece maior impacto no futuro da saúde alimentar. A alimentação é uma extensão do aprendizado. A escola é hoje o lugar mais potente para formar hábitos saudáveis, não só porque a criança passa a maior parte do dia ali, mas porque é ali que ela aprende a fazer escolhas que a acompanharão pela vida inteira.

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Por Cynthia Howlett

nutricionista formada pela Estácio de Sá, especializada em nutrição esportiva e psiconutrição, coordenadora de Projetos Educacionais e Sustentáveis da Sanutrin

Artigo de opinião

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