“Morango do Amor”: A Armadilha Calórica e Inflamatória por Trás do Doce Viral

Como uma sobremesa aparentemente inocente pode esconder riscos metabólicos e afetar a saúde de crianças e adultos

O “morango do amor” virou febre nas redes sociais, com vídeos da receita caseira ultrapassando milhões de visualizações, e o doce já é presença constante em festas, cafeterias e lojas de sobremesa. Mas, por trás da aparência inofensiva de fruta com calda açucarada, médicos e nutrólogos alertam: o morango virou isca para uma bomba calórica e inflamatória.

O preparo do morango do amor envolve ingredientes altamente prejudiciais à saúde metabólica. A receita inclui brigadeiro branco feito com leite condensado, creme de leite, leite em pó e manteiga, que depois é envolto por uma calda dura de açúcar refinado com corante alimentício. Ou seja, temos aqui três camadas de estímulo dopaminérgico, glicação e inflamação — tudo isso disfarçado com uma fruta no centro.

Uma única unidade do doce pode conter mais de 300 kcal e ultrapassar a quantidade de açúcar de uma lata de refrigerante. A grande armadilha é o apelo afetivo e visual. Como há um morango no meio, muitas pessoas o associam à ideia de ser “menos pior” ou “natural”. Mas, na prática, esse tipo de sobremesa reforça um padrão nocivo: usar açúcar para anestesiar emoção, ansiedade e carência afetiva.

O consumo recorrente desse tipo de sobremesa em crianças traz riscos adicionais. A combinação de açúcar em ponto de bala, corantes artificiais e gordura saturada altera o paladar infantil e estimula a compulsão alimentar precoce. O que parece um mimo da infância pode se tornar um gatilho de saúde comprometida na vida adulta.

Apesar de reconhecer que momentos de prazer alimentar são importantes, é fundamental ter consciência crítica. Não se trata de demonizar o doce, mas de entender o impacto metabólico real por trás de modismos virais. Um morango puro, por exemplo, é excelente: tem vitamina C, fibras, antioxidantes. Mas quando é mergulhado em três camadas de ultraprocessados, deixa de ser fruta e vira armadilha.

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Por Dr. Rodrigo Schröder

Formado em Medicina, residência em Ortopedia e Traumatologia, pós-graduação em Nutrologia Esportiva e Medicina do Esporte, mestrado em Nutrição e Dietética, especialista em Medicina e Performance Esportiva

Artigo de opinião

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