Cannabis Medicinal e o Envelhecimento: Desafios e Benefícios para as Avós e Idosos

Como a ciência e o cuidado humanizado estão transformando o tratamento de doenças na terceira idade com o uso da cannabis medicinal

A figura da avó é central em muitas famílias: símbolo de carinho, afeto e apoio irrestrito, é comum que, após certa idade, a pessoa que dedicou sua vida aos outros passe a precisar de cuidados específicos, sejam físicos, emocionais ou médicos. O Dia das Avós (26 de julho) é uma boa oportunidade para uma discussão séria sobre o uso da cannabis medicinal como alternativa terapêutica aos problemas relacionados à terceira idade, como dores crônicas, insônia, ansiedade, artrose, doenças neurodegenerativas e até sintomas mais complexos, como os de Alzheimer e Parkinson.

“É um absurdo sem tamanho o médico(a) causar dano ao paciente por não estar informado(a) sobre uma estratégia terapêutica”, resume o médico Dr. Marlos Aureliano, especialista em cannabis medicinal. “A proposta aqui passa por ampliar o olhar sobre o envelhecimento e considerar com responsabilidade o que a ciência já confirma: a cannabis medicinal pode, sim, fazer parte de um cuidado digno, humanizado e transformador”, completa.

Segundo ele, o entendimento do SEC (Sistema Endocanabinoide), sistema biológico presente em todos os seres humanos, responsável por regular funções como sono, apetite, dor, humor e resposta imunológica, é fundamental para compreender os bons resultados do uso da cannabis em pacientes da terceira idade. “Tratar o SEC é tratar a causa de muitos dos sintomas do envelhecimento, não apenas mascará-los.”

O primeiro passo é buscar profissionais atualizados e abertos ao tema. Existem associações de médicos prescritores que ajudam muito nessa triagem inicial. Procurar um profissional que entenda o SEC e respeite a autonomia do paciente faz toda a diferença, especialmente quando falamos de idosos, que muitas vezes já enfrentam um histórico longo de medicações com efeitos adversos ou conflitantes entre tratamentos diferentes.

Na maioria dos casos, a decisão só vem após o uso de muitas medicações tradicionais que não surtiram efeito ou causaram efeitos colaterais importantes. É muito comum em idosos com dor crônica, distúrbios do sono, ansiedade resistente, sintomas iniciais de demência e Parkinson, por exemplo. A família começa a buscar alternativas menos agressivas, que ofereçam melhora funcional e qualidade de vida.

No caso dos idosos, os sinais vêm por diversos caminhos. Avaliamos com escalas clínicas específicas, mas também ouvimos os relatos dos cuidadores e familiares: melhora do sono, redução da dor, mais disposição, melhora no humor, no apetite e no sono, por exemplo, além da mobilidade. Em pacientes com Parkinson, por exemplo, a redução dos tremores é muito clara e impactante na qualidade de vida.

O ideal é compartilhar responsabilidades. A decisão não pode cair sobre uma única filha ou neto, como acontece muitas vezes. Os médicos devem orientar toda a família, explicar as opções, os riscos e os benefícios. Também é importante envolver cuidadores, terapeutas e outros profissionais do cuidado. Quando todos entendem o que está sendo feito, o processo é muito mais leve e seguro para o idoso.

Um estudo muito interessante mediu os níveis de anandamida — um endocanabinoide natural do corpo — em pacientes idosos com doenças neurodegenerativas, e encontrou uma correlação direta entre níveis baixos e piora de sintomas como ansiedade, distúrbios de sono e dor crônica. Ao usar o canabidiol para compensar essa deficiência do SEC, os pacientes apresentaram melhora significativa. A ciência está mostrando que envelhecer com qualidade é possível, inclusive com o auxílio da cannabis medicinal.

O preconceito vem basicamente da desinformação. As pessoas ainda confundem cannabis medicinal com o uso recreativo. Há medo do THC, desconhecimento sobre o SEC e uma cultura médica muito conservadora. Isso tudo atrasa o acesso dos idosos a uma estratégia terapêutica segura e eficaz. Quanto mais a gente estuda, mais percebe o potencial da cannabis. E é justamente isso que precisamos levar para dentro das famílias: informação de qualidade, baseada em ciência, para tomar decisões com tranquilidade e sem culpa.

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Por Dr. Marlos Aureliano

médico especialista em cannabis medicinal

Artigo de opinião

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