Como usar OKRs para evitar inadimplência e garantir um semestre positivo

Estratégias ágeis e colaborativas para ajustar metas e fortalecer resultados diante de desafios econômicos

Chegamos ao semestre final de 2025, e quem ocupa posições de liderança certamente já está refletindo sobre os caminhos para fechar o ano de forma sólida e, claro, positiva. A pergunta que sempre surge é: existe uma fórmula certa para isso?

A resposta direta é não. Cada empresa tem seu histórico, seus desafios e sua cultura. Mesmo que atue em um mercado similar ao dos concorrentes, dificilmente um modelo de sucesso se replica de forma exata. O que funciona em um contexto pode falhar em outro. O mundo da “agilidade” que o diga, é como o mais recente movimento que se espalhou pelo mundo tentando replicar, na maioria das vezes, ipsis litteris, tal como foi feito no Vale do Silício. É por isso que o ponto de partida deve ser a análise cuidadosa do que deu certo e do que não funcionou ao longo do ano, como referência a própria empresa.

Se os resultados até aqui estiverem dentro do esperado, ótimo, mas atenção: isso pode significar que você tem uma equipe extraordinária, ou talvez suas metas não tenham sido tão ambiciosas quanto poderiam. E mais: estar bem não dispensa melhorias. Já quando o desempenho está abaixo do planejado, é hora de rever a estratégia com urgência e fazer os ajustes necessários para aproveitar os últimos seis meses.

Agora, é possível que você esteja preocupado, afinal conforme o levantamento recente da Serasa Experian, em março/25, o número de companhias inadimplentes no país bateu recorde, com 7,3 milhões de empresas nesta situação, somando dívidas de quase R$ 170 bilhões.

Uma ferramenta eficiente para acelerar resultados são os OKRs (Objectives and Key Results). Com ciclos geralmente trimestrais, o OKR ajuda a focar no que realmente importa e permite ajustes ágeis à medida que os cenários mudam. Ao adotar essa metodologia, a empresa consegue trabalhar com mais clareza, engajando o time em metas objetivas e compartilhadas.

É fundamental, no entanto, que os gestores não enfrentem esse momento sozinhos. A construção dos OKRs deve envolver toda a equipe, com cada colaborador entendendo seu papel no plano e como seu trabalho impacta nos resultados. O engajamento aumenta quando todos têm voz na priorização e execução das metas.

Nem sempre os resultados globais do ano serão atingidos. Mas isso não significa fracasso. O mais valioso, muitas vezes, está no processo: no aprendizado adquirido, na melhoria do foco e na capacidade de colaboração do time. Esse tipo de evolução é o que constrói empresas mais preparadas para lidar com a instabilidade e com as constantes mudanças do mercado. É importante ver o filme todo e não só a foto.

Aliás, insistir em planos rígidos, que não consideram as interferências do mundo real – e a história mundial recente mostra isso, com guerras e pandemia -, é caminhar rumo ao fracasso. A adaptabilidade é essencial. É preciso revisar constantemente o que foi definido como prioridade, sem transformar isto em um jogo de futebol de criança, quando todos correm atrás da bola, sem organização, observar o mercado, escutar o cliente e, muitas vezes, ousar tomar decisões difíceis, inclusive endividar-se para aproveitar oportunidades estratégicas.

O papel do líder, nesse contexto, é garantir que a estratégia esteja viva dentro da organização. Isso se dá com comunicação clara, metas bem definidas e ciclos curtos de revisão. Organizações que usam bem os OKRs geram aprendizado contínuo: identificam falhas mais rápido, ajustam rotas com agilidade e se fortalecem ao longo do tempo.

Talvez neste fim de ano você perceba que o que foi planejado está distante do realizado. Tudo bem. Use isso como insumo para reavaliar seu plano e estabelecer metas mais eficazes para o próximo ciclo. Foque no que traz mais valor com menos esforço, mas não descarte investimentos estratégicos de longo prazo só porque exigem mais energia agora.

No fim das contas, mais do que cumprir metas, o importante é evoluir. E isso só acontece quando conseguimos transformar erros em aprendizado e times em protagonistas da estratégia.

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Por Pedro Signorelli

Um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs; já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi; responsável pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas

Artigo de opinião

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