Como o Vestuário no Inverno Pode Influenciar Seu Humor e Autoestima
Descubra como escolhas conscientes de roupas no frio ajudam a combater a apatia e fortalecem o bem-estar emocional
Durante os meses frios, o vestuário pode ser um aliado no enfrentamento da apatia e da queda de energia. O mês de julho marca o auge do inverno no Brasil e é palco também para o pico de um fenômeno que vai além das temperaturas: o impacto do frio no estado emocional. Segundo estudo conduzido pelo Instituto de Psicologia da USP, há aumento nos relatos de sintomas de depressão, ansiedade e apatia durante os dias mais cinzentos e gelados do ano.
O modo como nos vestimos tem um impacto direto na forma como nos percebemos e nos relacionamos com o mundo. Nesse contexto, é possível enxergar o vestuário no inverno como um recurso de autorregulação emocional. “É comum que, nos dias frios, as pessoas escolham roupas apenas pela praticidade ou pelo conforto térmico, deixando de lado aspectos simbólicos e afetivos da vestimenta”, afirma a especialista em consultoria de imagem Marcia Jorge.
A escolha de cores, texturas e formas pode funcionar como estratégia para sair da inércia causada pelo frio. Tecidos agradáveis ao toque, combinações que valorizam a silhueta e elementos que trazem identificação pessoal — como uma peça com história ou uma cor que anima — funcionam como âncoras emocionais. Vestir-se bem no inverno não é vaidade, mas sim uma forma de autocuidado.
Estudos da Associação Brasileira de Psiquiatria indicam que o inverno pode intensificar sintomas de ansiedade e depressão, especialmente em regiões com menor exposição à luz solar. O fenômeno, conhecido como Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), tem impacto direto no humor, energia e motivação. Para lidar com esse cenário, pequenas rotinas de bem-estar, como cuidado com a alimentação, movimentação corporal e até o ato de se vestir, ganham relevância.
Cores mais quentes ou vibrantes, como tons de vermelho, mostarda e coral, podem estimular sensações de vitalidade e entusiasmo. Tecidos como lã macia, tricô ou veludo cotelê ajudam a compor uma experiência tátil acolhedora, ativando sensações associadas ao conforto e à segurança. Nosso cérebro responde aos estímulos sensoriais e simbólicos das roupas. Uma peça que carrega memória afetiva, por exemplo, pode evocar sentimentos de pertencimento ou resgate de identidade, fatores importantes quando o emocional está mais fragilizado.
Além disso, a psicologia da moda, que investiga a relação entre vestuário, comportamento e identidade, aponta uma conexão direta entre aparência e emoções. Um levantamento publicado no Journal of Experimental Social Psychology indicou que o uso de roupas associadas à autoconfiança pode aumentar a performance e a percepção de competência em ambientes profissionais.
Pequenos rituais ao se vestir no inverno ajudam a combater a sensação de desânimo típica da estação. Mesmo em home office, trocar o pijama por uma roupa que represente quem você é já é uma forma de se colocar no mundo com presença. O vestir consciente pode ser um recurso acessível e diário para resgatar a autoestima em períodos mais introspectivos.
Estilo não é sobre tendência, é sobre verdade. No inverno ou no verão, vestir-se com intenção é uma forma de manter acesa a nossa identidade.
Por Marcia Jorge
Psicóloga, stylist, figurinista, consultora de marca pessoal, atua no mercado da moda desde 1998, com experiência em imagem e comportamento, reconhecida por unir moda, comportamento e saúde emocional, com portfólio para grandes marcas e atuação em mídia.
Artigo de opinião