Como a Climatização Adequada no Trabalho Impulsiona Saúde e Produtividade
Conforto térmico vai além do bem-estar e se torna peça-chave para o desempenho e economia nas empresas
Manter a temperatura adequada nos ambientes de trabalho deixou de ser apenas uma questão de conforto e passou a integrar as estratégias de produtividade de empresas em todo o país. Estudos internacionais e nacionais apontam que o controle térmico interfere diretamente no desempenho profissional, na saúde dos colaboradores e até na economia de energia.
Uma pesquisa publicada pela Harvard T.H. Chan School of Public Health identificou que ambientes mal ventilados e com temperaturas inadequadas impactam negativamente a função cognitiva. Em situações de calor ou frio extremo, a produtividade pode cair entre 10% e 15%, segundo o National Center for Biotechnology Information. Já no Brasil, com variações bruscas de temperatura, principalmente no inverno de regiões secas como o Centro-Oeste, o cuidado com a climatização deve ser mantido mesmo fora do verão.
O conforto térmico é um fator muitas vezes negligenciado durante o inverno, mas ele continua sendo determinante para o bem-estar. As pessoas sentem mais sonolência em ambientes frios, secos e com concentração de CO₂, o que interfere diretamente na produtividade.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a umidade relativa do ar ideal para ambientes internos está entre 50% e 60%. No inverno, essa taxa pode cair abaixo de 30% em regiões secas, comprometendo a saúde respiratória e aumentando os quadros de irritação ocular, ressecamento da pele e fadiga, fatores que levam ao aumento do absenteísmo e da rotatividade.
Outro ponto de atenção é a manutenção dos equipamentos de climatização. Segundo a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA), 40% das falhas poderiam ser evitadas com revisões preventivas. Filtros sujos, fluido refrigerante em baixa, sensores descalibrados, tudo isso pode fazer com que o sistema trabalhe em esforço desnecessário, elevando o consumo de energia e comprometendo a qualidade do ar.
A climatização eficiente não exige grandes investimentos. Com tecnologias acessíveis como sensores de presença, termostatos programáveis e sistemas inverter que regulam automaticamente a potência dos equipamentos, empresas de todos os portes conseguem manter ambientes agradáveis com menor gasto energético. Esses ajustes podem reduzir em até 30% o consumo de energia, segundo estudos da revista Millenium, e ainda garantem conforto contínuo para quem trabalha no local.
Além da economia, a climatização adequada contribui para ambientes mais saudáveis. A baixa umidade típica do inverno facilita a propagação de vírus respiratórios e compromete a imunidade dos trabalhadores. Para contornar esses problemas, o uso de umidificadores ou pequenas soluções — como toalhas úmidas e ventilação cruzada — pode equilibrar as condições internas. É preciso lembrar que conforto térmico não se limita à temperatura. Renovação do ar, umidade e filtragem são tão importantes quanto.
Empresas que investem em conforto térmico colhem ganhos não apenas em desempenho, mas também em engajamento e clima organizacional. Colaboradores expostos a ambientes confortáveis tendem a permanecer mais tempo nas empresas, ter menos afastamentos por questões de saúde e se mostrar mais dispostos ao trabalho em equipe. Isso impacta diretamente nos resultados do negócio.
Não é um luxo, é uma decisão de gestão. A climatização adequada transforma o ambiente, melhora a performance dos colaboradores e promove saúde. Em tempos de jornadas híbridas e maior exigência por bem-estar no trabalho, isso se tornou essencial.
Por Patrick Galletti
Engenheiro Mecatrônico, pós-graduando em Engenharia de Climatização, estudante do curso "O impacto das mudanças climáticas na saúde das pessoas" pela Universidade de Harvard, CEO do Grupo RETEC, com mais de 8 anos de atuação no mercado de climatização e experiência em engenharia de orçamento e gerenciamento de riscos em construções e operações offshore.
Artigo de opinião