O Poder da Mulher aos 40+: Autoconfiança, Desejo e Liberdade na Maturidade
Como a aceitação plena e o autocuidado transformam a vida e as relações das mulheres na faixa dos 40 anos
A chegada aos 40 anos marca, para muitas mulheres, um capítulo de transformação e liberdade. Longe de significar estagnação, essa fase pode ser exatamente o contrário, um período de mudanças significativas, tanto físicas quanto psicológicas, e a chegada da autonomia, inclusive no que se refere ao desejo sexual.
É o que retrata com precisão a personagem Consuelo, da novela Vale Tudo. Após algumas investidas no marido Jarbas, ela traduz o que tantas mulheres vivem fora das telas: uma libido que desperta com força e uma vaidade mais consciente, sim, porém livre de padrões rígidos.
A mudança é resultado de uma combinação hormonal e emocional. Por volta dos 40 anos, muitas mulheres entram em uma fase de pré-menopausa chamada climatério, quando os níveis de estrogênio começam a oscilar. Apesar da queda gradual, Consuelo provavelmente sente esse estímulo porque está bem conectada com ela mesma, está com a autoestima lá em cima, segura de si, sabendo o que quer e o que lhe dá satisfação. Com a maturidade, a mulher ganha tudo isso e nenhuma interferência — corpo, idade, obesidade, nada abala —, isso é lindo de abordar.
Além disso, na fase em que a mulher está mais confiante e cheia de vitalidade, o amadurecimento emocional exerce grande influência. A mulher se conhece melhor, sabe o que gosta e o que precisa, e aprende a colocar suas vontades em primeiro lugar. Essa autoconfiança impacta diretamente nas relações familiares.
Quando o assunto é vaidade, aos 40, ela ganha um novo sentido, pois deixa de ser uma obrigação para se tornar um gesto de autocuidado e amor-próprio. Foi exatamente assim que Consuelo alertou a amiga Raquel sobre a necessidade de se olhar mais, de se cuidar mais, o que resultou em uma enorme e notável repaginada no visual da empreendedora.
Cuidar da aparência nessa fase é cuidar também da autoestima, é como afirmar a própria força e celebrar a beleza real, que vai muito além do espelho. Outra coisa importante de explicar é que o estrogênio na mulher negra é muito maior, então a Consuelo tem essa potência de uma predominância estrogênica pela etnia. Ela pode até ter um pouco de queda hormonal, mas o fato de estar bem com ela e não seguindo os paradigmas da estética, se aceitando e conectada com a essencialidade dela, reflete nessa beleza de mulher e de personagem.
O fato é que, tanto na novela quanto na vida real, a maturidade revela uma força silenciosa e magnética. Tanto que a secretária Consuelo passou a exigir a divisão de tarefas em casa e a expor as duplas, triplas jornadas que as mulheres enfrentam. Precisamos falar abertamente sobre os desafios que encontramos com as alterações hormonais e a forma como isso impacta na família. A Consuelo nos representa, e é fundamental normalizar essa conversa, não apenas para acolher, mas para transformar as relações de uma forma muito mais empática.
Por Fabiane Berta
Médica ginecologista e pesquisadora formada pela FMSCSP; mestranda no núcleo da Endometriose Dor Pélvica e Menopausa pela UNIFESP; pós-graduada em Endocrinologia, Neurociências e Comportamento; Science Valley Medical Team – OB-GYN Specialist; Key Opinion Maker Fagron Brasil; PI e Chefe do Steering Committee do Estudo MYPAUSA; Criadora e Fundadora do MYPAUSA.
Artigo de opinião