Lipedema: por que muitas mulheres não emagrecem mesmo com dieta e exercícios
Entenda como o lipedema, uma doença pouco conhecida, dificulta a perda de gordura em pernas, braços e quadris, e por que o tratamento vai além da estética.
Você faz dieta, treina, emagrece, mas as pernas continuam grossas, o braço dolorido e a gordura não desaparece. O que ninguém te contou: talvez não seja falta de esforço, seja lipedema.
Para muitas mulheres, a luta contra a balança é frustrante: seguem dietas rigorosas, treinam mais do que o recomendado, perdem medidas no abdômen… mas aquela gordura resistente em pernas, quadris e braços permanece, causando desconforto estético e, pior, dores físicas. O problema? Em muitos casos, o verdadeiro vilão não é o peso, é o lipedema, uma doença ainda pouco reconhecida, mas que atinge milhões de mulheres no Brasil.
O lipedema não é excesso de gordura por má alimentação, é um distúrbio no tecido adiposo com forte componente inflamatório, que resiste a dietas comuns e, quando não tratado, pode evoluir para complicações sérias.
O erro mais comum: associar lipedema a “falta de disciplina”
Por desconhecimento, muitas mulheres são rotuladas desde cedo: “preguiçosas”, “sem foco”, “desleixadas”. O julgamento começa cedo, quando as diferenças corporais aparecem, e se intensifica com o passar dos anos, mesmo quando há esforço genuíno com alimentação e exercícios.
O que acontece é que a gordura do lipedema tem um comportamento metabólico diferente, ela é mais fibrosa, mais resistente à quebra, está associada à inflamação crônica e não responde ao déficit calórico da mesma forma que outras áreas do corpo.
Essa resistência, somada ao estigma estético, provoca não só sofrimento físico, mas um grave impacto psicológico. Muitas mulheres desenvolvem ansiedade, depressão e um ciclo de culpa interminável, sentindo que estão falhando mesmo fazendo tudo “certo”.
Por que dieta e academia não são suficientes para quem tem lipedema
Embora alimentação saudável e exercícios físicos sejam fundamentais para qualquer pessoa, no lipedema eles não eliminam a gordura alterada. Especialmente exercícios de impacto excessivo ou dietas restritivas podem piorar sintomas, aumentar dores e levar à exaustão física.
O tratamento do lipedema precisa ir além da estética. Envolve controle da inflamação, fortalecimento muscular, modulação hormonal, drenagem linfática e, em casos mais avançados, intervenções cirúrgicas específicas, como a lipoaspiração para lipedema, realizada em protocolos seguros.
Quando desconfiar que não é excesso de peso, é lipedema:
● Gordura que se concentra principalmente em pernas, quadris e braços, com tronco proporcionalmente menor;
● Sensação de peso nas pernas e dores ao toque;
● Tendência a hematomas frequentes e retenção;
● Progressão do volume mesmo com controle alimentar;
● História familiar de “pernas grossas” ou “corpo desproporcional”.
Importante: o lipedema não melhora só com emagrecimento, mas piora com dietas mal conduzidas e tratamentos inadequados.
O tratamento certo não busca “corpo magro”, busca qualidade de vida
O objetivo no lipedema não é somente transformar o corpo em um padrão estético, mas reduzir dor, melhorar mobilidade, conter a progressão e devolver bem-estar físico e emocional. Com diagnóstico correto e acompanhamento especializado, muitas mulheres relatam melhora expressiva não só na aparência, mas no conforto corporal e na autoestima.
Não é falta de força de vontade. É uma doença. E com informação correta, o tratamento traz resultados reais. O lipedema precisa ser visto pelo que é: um problema de saúde, não um problema estético. O caminho não é culpar o espelho, é procurar profissionais qualificados e entender que a solução vai muito além de dieta e academia.
Por Dr. Arthur Victor de Carvalho
médico especialista em menopausa, lipedema e modulação hormonal
Artigo de opinião