Amizade e dinheiro: o custo real de dizer “sim” quando o ideal é dizer “não”

Como a pressão social afeta suas finanças e emoções, e por que aprender a recusar pode fortalecer suas relações e seu futuro financeiro

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Dizer “sim” a um convite que foge do orçamento pode custar caro — literalmente. Se no lugar de gastar R$ 200 por mês com compromissos sociais que não cabem no bolso, uma pessoa investisse esse valor, o retorno acumulado em 30 anos poderia ultrapassar R$ 30 milhões em uma carteira agressiva, ou chegar a R$ 1,5 milhão em uma carteira conservadora, segundo simulação da Rico com base em dados da Economatica.

Ceder para agradar o outro pode significar abrir mão dos próprios planos. Jantar caro com divisão igualitária da conta, viagem que ninguém quer perder ou presente fora do orçamento. Situações assim são comuns, mas trazem um custo real — e muitas vezes invisível. Ceder para não decepcionar o outro, quando o orçamento já está apertado, é muitas vezes negar a si mesmo a chance de construir um futuro financeiro mais tranquilo.

Para além do bolso, o impacto é emocional e até físico. Uma pesquisa do Serasa revela que 83% dos endividados têm insônia e 74% enfrentam dificuldades de concentração. O motivo? A pressão por manter um padrão de vida que, na prática, não condiz com a realidade.

Dizer “não”, com respeito, é um ato de responsabilidade. Um “sim” impulsivo, motivado por culpa ou constrangimento, pode trazer consequências duras: dívidas, crédito comprometido e, ironicamente, o desgaste da amizade que se queria proteger.

A dificuldade de recusar um convite não está relacionada à fraqueza, mas sim a um ambiente social e emocional que muitas vezes desestimula o diálogo sobre dinheiro. Sentimentos como insegurança, culpa e medo são frequentes quando o assunto é finanças pessoais. Isso gera silêncio — e, com ele, a falsa sensação de que todo mundo está “dando conta”, menos você.

Esse comportamento é reforçado pela comparação social, especialmente nas redes. Surge então a chamada “comparação social ascendente”: a tendência de medir a própria vida com base naquilo que os outros escolhem mostrar.

Esse fardo emocional se torna ainda mais intenso. Mais de um quarto dos millenials escondem seus salários e dívidas de amigos próximos por medo de julgamentos.

Inicia-se então um ciclo vicioso: a pessoa consome para se sentir incluída, endivida-se, sente vergonha e estresse, e acaba se isolando para evitar mais gastos e julgamentos. Reconhecer os impactos emocionais e sociais do endividamento é um passo essencial para interromper esse ciclo e reconstruir a autonomia financeira e afetiva.

A simulação da Rico revela como investir R$ 200 por mês com consistência pode se transformar, ao longo do tempo, em um patrimônio significativo — especialmente se comparado aos gastos com programas sociais que muitas vezes não trazem retorno emocional nem financeiro.

Dizer “não” com leveza e responsabilidade não é uma perda, mas um passo rumo à estabilidade. A disciplina financeira não é um ato de renúncia, mas sim de fortalecimento pessoal. Cuidar da própria saúde financeira é um gesto de respeito, tanto consigo quanto com os outros.

A melhor estratégia é a honestidade, com empatia. Evitar o assunto ou oferecer desculpas vagas pode minar a confiança mais rapidamente do que uma recusa sincera.

N

Por Nicole Kirsanoff

membro do time de assessoria de imprensa da Rico, plataforma de investimentos da XP

Artigo de opinião

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