Carreira e maternidade: por que o RH precisa agir estrategicamente para reter talentos femininos

A falta de políticas estruturais e a reação pontual do RH expõem as desigualdades enfrentadas por mães no mercado de trabalho

Julho é mês de férias escolares e, para muitas mulheres que conciliam carreira e maternidade, esse período representa mais um teste de resistência. A ausência de suporte institucional e de políticas de flexibilidade nas empresas torna evidente uma realidade já conhecida: o mercado de trabalho ainda penaliza mães, enquanto exige delas uma produtividade implacável. O problema é estrutural, e os departamentos de Recursos Humanos muitas vezes preferem reagir a crises individuais em vez de agir de forma estratégica.

Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) revelam que cerca de 50% das mulheres são desligadas do mercado formal até dois anos após a licença-maternidade, o que escancara um padrão de exclusão sistemática que precisa ser enfrentado de forma mais consciente e proativa.

Não é mais possível tratar o tema da maternidade como uma exceção. Flexibilidade e escuta ativa são os dois grandes ativos para retenção de talentos femininos. Quando essas práticas são integradas à cultura da empresa, o retorno é imediato: engajamento, produtividade e reputação fortalecida.

Não se trata de benefícios, e sim de estruturas necessárias para garantir igualdade de condições no crescimento profissional. A maternidade não pode seguir sendo um freio invisível na trajetória das mulheres. Políticas de trabalho híbrido, jornadas adaptáveis durante o recesso escolar e canais seguros para acolhimento de demandas específicas são ações práticas que geram impacto.

O desafio, porém, vai além das políticas escritas. Ainda é comum que mães sintam receio de falar sobre suas dificuldades ou de pedir adaptações por medo de julgamentos. A escuta ativa é tão importante quanto a flexibilidade. RHs precisam deixar de lado scripts prontos e entender a realidade de suas colaboradoras com empatia e compromisso real com a inclusão.

Em pleno 2025, manter estruturas que ignoram a parentalidade é uma escolha, e uma escolha cara para as empresas que querem atrair e reter os melhores talentos. Neste recesso escolar, cabe ao RH refletir: estamos agindo ou apenas apagando incêndios?

L

Por Luciane Rabello

Psicóloga, CEO da TalentSphere People Solutions, docente e especialista em gestão de pessoas e multiculturalismo, com mais de 20 anos de atuação em gestão estratégica de pessoas em empresas globais como Red Bull, Adidas, Palfinger Group e Siemens Energy

Artigo de opinião

👁️ 61 visualizações
🐦 Twitter 📘 Facebook 💼 LinkedIn
compartilhamentos

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar