O impacto do excesso de telas nas férias e como proteger a saúde mental e física dos jovens

Uma pesquisa recente publicada na Psychological Bulletin, com dados de quase 300 mil crianças ao redor do mundo, revelou que o excesso de tela piora problemas emocionais e comportamentais, especialmente em crianças com até 10 anos. Para aquelas que passam mais de quatro horas diárias em frente às telas, há maiores riscos de depressão, agressividade e hiperatividade.

Essa situação já é motivo de preocupação constante para pais e responsáveis, mas durante as férias escolares o problema tende a se agravar. Um estudo da University of South Australia, de 2023, mostrou que crianças passam em média 39% mais tempo em frente às telas durante as férias do que no período letivo. Além disso, elas praticam menos atividades físicas e aumentam o comportamento sedentário.

Diante dessa realidade, surge a dúvida: como garantir que os jovens aproveitem o tempo livre com diversão e descanso, sem exagerar no uso das telas?

É compreensível que muitas famílias, diante de rotinas intensas de trabalho, recorram às telas para manter os filhos entretidos e seguros. O problema é quando essa solução prática se torna um excesso que afasta as crianças de experiências mais ricas, sociais e criativas.

As férias são uma oportunidade valiosa para promover vivências que estimulam o desenvolvimento integral dos estudantes, incluindo habilidades socioemocionais, criatividade, empatia e autonomia. Brincadeiras ao ar livre, jogos de tabuleiro, oficinas manuais, leitura compartilhada, encenações teatrais caseiras ou cozinhar com os pais podem se transformar em momentos inesquecíveis de aprendizado e conexão familiar.

Não se trata de demonizar a tecnologia. O uso das telas pode ser saudável, desde que haja equilíbrio, propósito e limites claros. O ideal é alternar entre momentos digitais e experiências offline, transformando a tela em uma ferramenta ativa. Produzir vídeos em família, gravar podcasts, fazer pesquisas e criar histórias são exemplos de usos interessantes que vão além das redes sociais e dos jogos.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que crianças e adolescentes de 5 a 17 anos pratiquem pelo menos 60 minutos diários de atividade física moderada a intensa, além de controlar o tempo de tela, especialmente próximo ao horário de dormir.

Para ajudar as famílias a equilibrar o uso das telas durante as férias, seguem cinco sugestões de atividades:

1. Passeios com família e amigos
Organizar passeios ao ar livre ou em ambientes culturais, como parques, teatros e cinemas, desperta a curiosidade natural dos jovens e fortalece vínculos familiares e sociais. Mesmo um passeio simples pode proporcionar experiências ricas de convivência, aprendizado e bem-estar.

2. Oficinas culinárias
Aprender a cozinhar estimula concentração, responsabilidade, paciência, coordenação motora e controle da ansiedade. A cozinha é um espaço para exercitar criatividade, disciplina e autoconfiança, além de gerar orgulho e conexão ao compartilhar o resultado com a família.

3. Desafios esportivos em família
A prática esportiva conjunta transforma o movimento em afeto, fortalecendo laços e promovendo hábitos saudáveis. Jogos, gincanas e pequenas competições estimulam o espírito de equipe, o senso de desafio saudável e mantêm os jovens longe das telas por um tempo.

4. Dia da limpeza e do desapego
Reservar um dia para organizar o quarto, separar roupas e objetos para doação incentiva responsabilidade, colaboração, empatia e solidariedade. Envolver os jovens na organização do próprio espaço ensina que a manutenção da casa é uma tarefa coletiva.

5. Noite dos jogos de tabuleiro
Jogos de tabuleiro são uma forma divertida e inteligente de aproveitar as férias, estimulando raciocínio lógico, tomada de decisões, trabalho em equipe e respeito às regras. Eles mostram que é possível se divertir sem depender da tecnologia.

Com equilíbrio e criatividade, é possível transformar as férias em um período de descanso que também promove o desenvolvimento saudável e o fortalecimento dos vínculos familiares, reduzindo os riscos associados ao uso excessivo das telas.

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