Geração Z na Liderança: Desafios e Potenciais de Chefes Jovens
Como a nova geração está transformando o conceito de liderança nas empresas com inovação, colaboração e preparo emocional
Ainda há pouco tempo, ser chefe aos 30 já era considerado precoce. Hoje, profissionais com 22 ou 23 anos já lideram equipes, comandam projetos estratégicos e ocupam posições de destaque em empresas de todos os tamanhos, especialmente em startups, franquias e negócios digitais. A ascensão meteórica da Geração Z à liderança corporativa desafia antigos paradigmas sobre maturidade, autoridade e preparo.
O que antes era sinônimo de tempo e experiência, hoje passa também por criatividade, agilidade e capacidade de comunicação. Mas será que essa geração, nascida entre 1997 e 2012, está realmente pronta para liderar?
Eles estão liderando, sim, com muita intuição e inovação. Mas como toda liderança jovem, ainda estão em fase de desenvolvimento emocional e precisam de suporte.
A trajetória acelerada da Geração Z não é fruto do acaso. Muitos desses jovens cresceram vendo influenciadores faturarem milhões aos 20 anos e startups virarem unicórnios em tempo recorde. Eles não têm medo de assumir desafios cedo. Querem fazer a diferença, liderar causas, influenciar positivamente o ambiente de trabalho. A ideia de “esperar a vez” soa ultrapassada para uma geração que foi criada com acesso instantâneo à informação e autonomia desde cedo.
Se por um lado a Geração Z domina com facilidade ferramentas, processos e novas tecnologias, por outro ainda está desenvolvendo habilidades emocionais fundamentais para a liderança. Saber dar feedbacks difíceis, lidar com crises internas, mediar conflitos ou inspirar o time em momentos de pressão são competências que nem sempre vêm prontas.
Eles têm repertório técnico e visão moderna, mas ainda constroem a musculatura emocional que sustenta uma liderança sólida. É comum encontrarmos jovens gestores com dificuldade em se posicionar com firmeza ou lidar com frustrações sem se abalar pessoalmente.
Um dos traços mais marcantes da liderança da Geração Z é a busca por relações horizontais e colaborativas. Eles preferem ambientes onde todos opinam, ideias são discutidas em grupo e a hierarquia não impede o diálogo. Para esses jovens, a autoridade precisa ser construída, não imposta. Eles não se sentem confortáveis em cargos que exigem “mandar e obedecer”. Por isso, muitos constroem suas lideranças com base na empatia, escuta ativa e proximidade.
A juventude, que em outras gerações poderia ser um obstáculo, hoje também é um diferencial competitivo. Sem vícios corporativos, os líderes da Geração Z arriscam mais, testam novas abordagens e têm mentalidade aberta para mudanças rápidas.
No entanto, a pouca experiência também pode levar a decisões impulsivas, dificuldade em lidar com fracassos e certa intolerância a processos que exigem paciência. Por isso, deve haver uma rede de apoio emocional e profissional para que esses líderes cresçam com mais segurança.
A ascensão da Geração Z à liderança marca uma virada importante no mundo do trabalho. Para muitos, é preciso ainda provar o valor dessa nova forma de liderar, mais leve, emocional e tecnológica. Para outros, ela já é o presente e está moldando o futuro. Ter 23 ou 43 anos é cada vez menos relevante. O que importa é saber lidar com pessoas, entregar resultados com ética e criar ambientes onde todos possam crescer. A Geração Z tem esse potencial e cabe às empresas reconhecer, apoiar e lapidar essa nova geração de líderes.
Por Wanderley Cintra Jr.
Psicólogo graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina, especializado em comportamento no ambiente de trabalho, com mais de 20 anos de experiência em treinamento e desenvolvimento de pessoas, mais de 55 mil horas de treinamentos ministrados.
Artigo de opinião