Como Vencer as Distrações Digitais e Cultivar o Hábito da Leitura no TDAH

Estratégias práticas para retomar o foco e transformar a leitura em prazer, mesmo em um mundo hiperconectado

Em um mundo cada vez mais barulhento, o simples ato de sentar para ler um livro tornou-se um desafio para muita gente. Para quem tem Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), esse cenário é ainda mais complexo. No Dia Mundial do TDAH, o tema ganha destaque e chama atenção para estratégias que podem ajudar na criação de novos hábitos de leitura.

A dificuldade atual em manter o foco para a leitura é um fenômeno coletivo. Estamos desaprendendo a ler. Nossa vida hiperconectada tem afetado nossos neurônios, que se reorganizam a partir desse excesso de estímulos e do ritmo acelerado exigido pelo momento que estamos vivendo.

Se para o público neurotípico a concentração já está comprometida, para quem tem TDAH o impacto é ainda maior. Pessoas com TDAH tendem a ter mais dificuldade em cultivar o hábito da leitura e lidar com as redes sociais. Somos mais propensos, inclusive, a nos viciar nelas. Afinal, obtemos dopamina facilmente assistindo reels e, em nossos cérebros, esse neurotransmissor está sempre em baixa.

Mesmo assim, é possível criar o hábito de leitura, mesmo com o diagnóstico de TDAH. Ler é bom para o cérebro, em especial para os nossos cérebros neurodivergentes. É difícil começar, mas depois que você começa, flui, ainda que vez ou outra a gente precise se esforçar um pouquinho. O processo pode ser comparado à atividade física: a gente teima, porque não quer fazer, mas depois que começa a ter o hábito, se sente bem melhor no dia a dia e isso vira uma motivação para continuar.

Dicas práticas para começar a ler mais:

– Escolha livros que deem prazer: o primeiro passo é fugir de leituras funcionais e buscar histórias que despertem interesse real. Se divertir lendo é o primeiro passo para começar a ler mais.

– Teste diferentes gêneros e formatos: do romance à poesia contemporânea, das crônicas aos quadrinhos, a variedade de gêneros pode ajudar a encontrar o que mais se encaixa no seu perfil de leitor.

– Encontre o horário ideal para ler: ter o hábito de leitura não significa ler todo dia, mas ler com frequência. Vale testar momentos como antes de dormir, no horário de almoço ou durante o trajeto no transporte público.

– Diminua as distrações: estratégias como deixar o celular em outro cômodo no modo avião, usar fones de ouvido com ruído branco ou até apostar nos audiobooks podem ajudar. Se você gosta de podcasts, escolha um livro que tenha esse formato e faça o teste.

– Transforme suas redes sociais em espaços literários: seguir perfis literários pode estimular o interesse por livros. Leitores estimulam outros leitores a ler e a trocar sobre literatura.

– Leia em grupo: participar de clubes de leitura – presenciais ou online – também pode ser um grande incentivo. As trocas que esses grupos promovem a partir do livro da vez podem ser interessantíssimas e esses espaços são ótimos para fazer amizades, pensar junto sobre o mundo e experimentar gêneros e estilos literários.

– Faça da leitura um momento de desconexão: para quem sente que está sempre imerso nas telas, começar por atividades como livros de colorir ou palavras-cruzadas pode ser uma boa porta de entrada antes de avançar para a literatura.

A mensagem final é simples: começar devagar, ajustar expectativas e lembrar que a leitura, assim como qualquer hábito, é construída com constância, curiosidade e acolhimento das próprias limitações.

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Por Thaís Campolina

poeta, redatora, mediadora de leitura, curadora literária, autora de livros de poesia, pós-graduada em Escrita e Criação pela Unifor, mediadora de clubes de leitura, curadora da página Bafo de Poesia nas redes sociais

Artigo de opinião

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