Garimpar em brechós: como transformar achados em investimentos inteligentes
Entenda os cuidados essenciais para evitar prejuízos e garantir peças de qualidade na moda circular
Os brechós se consolidaram como uma alternativa cada vez mais popular para quem busca economia, estilo e consumo consciente. No entanto, apesar da proposta sustentável, é preciso atenção redobrada para não cair em ciladas. Nem toda peça vale a pena e os defeitos nem sempre estão visíveis à primeira vista.
A moda circular obriga o consumidor a adotar uma postura criteriosa na hora de comprar roupas de segunda mão. O brechó pode ser um paraíso de achados incríveis, mas também esconde armadilhas. Saber avaliar a peça com atenção é essencial para garantir que o barato não saia caro.
Antes de levar qualquer roupa para casa, é fundamental verificar botões, zíperes e costuras. Um botão faltando pode parecer um detalhe simples, mas encontrar um modelo idêntico nem sempre é possível, e o reparo pode sair caro. O mesmo vale para zíperes emperrados ou tortos, que exigem substituição, especialmente custosa em vestidos e jaquetas.
As regiões das axilas, golas e punhos merecem atenção especial. Manchas causadas por suor ou desodorante são difíceis de remover, mesmo com produtos específicos. A dica é sempre observar a peça em luz natural e verificar se há sinais de uso excessivo.
Costuras desgastadas ou desalinhadas comprometem a durabilidade da peça. Passar o dedo pelas principais linhas de costura e observar o avesso pode revelar remendos mal feitos ou consertos que comprometem a estrutura da roupa.
Tecido com aparência áspera, brilho estranho ou sem elasticidade indica desgaste. Nas peças de malha, vale fazer o “teste do estica”: puxe levemente e veja se o tecido retorna ao formato original. Se não voltar, a peça pode deformar no uso.
Fivelas, botões de metal, elásticos e colchetes devem estar em bom estado. Itens enferrujados ou com aspecto esverdeado podem manchar a roupa e até a pele. Elásticos ressecados também indicam fim da vida útil do produto.
Nem todo defeito significa que a compra deve ser descartada. Um botão solto, uma barra descosturada ou uma pequena mancha em local discreto podem ser facilmente resolvidos. O importante é entender se o custo-benefício realmente compensa.
Por outro lado, roupas com manchas em áreas como axilas, zíperes danificados, costuras principais soltas, tecidos esgarçados ou odores persistentes devem ser evitadas.
Para quem compra pela internet, a recomendação é pedir fotos de todos os ângulos e detalhes. Se o vendedor se recusar a mostrar, desconfie. Transparência é essencial. Outro sinal de alerta é o preço muito abaixo do normal, que pode indicar defeitos ocultos ou até procedência duvidosa.
Ao receber a peça, é importante prová-la imediatamente, testar a mobilidade e, principalmente, lavar antes do uso. Mesmo que a roupa pareça limpa, é fundamental higienizar antes de misturar com outras peças do guarda-roupa.
Os brechós são aliados poderosos na luta contra o consumo excessivo e o desperdício têxtil. No entanto, como em qualquer compra, é preciso fazer escolhas conscientes. Garimpar em brechó é um investimento inteligente. Uma peça de qualidade pode durar muitos anos. Mas é preciso critério para não transformar a economia em dor de cabeça.
Por Marcia Jorge
Stylist, figurinista e consultora de marca pessoal; psicóloga de formação; experiência no mercado da moda desde 1998; atuação em grandes campanhas publicitárias e editoriais; colunista de moda do Portal Terra; colaboradora em diversos veículos de comunicação; aparições no programa “Mais Você”
Artigo de opinião