Comportamento Evitativo no Autismo: Elogios que Geram Autossabotagem em vez de Narcisismo
Entenda como a resposta a elogios em pessoas com autismo pode desencadear comportamentos autodepreciativos e o que isso revela sobre sua experiência emocional.
O comportamento evitativo em pessoas com autismo frequentemente é mal interpretado como narcisismo ou falta de empatia, especialmente quando se trata da reação a elogios. Diferentemente do que muitos imaginam, o que pode parecer uma rejeição ou desdém diante de um elogio é, na verdade, uma forma de autossabotagem.
Essa autossabotagem surge porque o indivíduo autista pode experimentar uma dificuldade profunda em aceitar feedbacks positivos, não por vaidade ou arrogância, mas por uma complexa relação com sua autoimagem e percepção social. O elogio, em vez de fortalecer a autoestima, pode desencadear sentimentos de inadequação ou medo de não corresponder às expectativas, levando ao afastamento ou à minimização do próprio valor.
É importante compreender que essa reação não é um sinal de narcisismo, mas sim uma manifestação do comportamento evitativo, que visa proteger a pessoa de possíveis frustrações e rejeições futuras. O autismo, em sua diversidade, traz desafios únicos na forma como emoções são processadas e expressas, e o reconhecimento dessa particularidade é fundamental para um suporte mais empático e eficaz.
Portanto, ao lidar com pessoas autistas, é essencial ir além das interpretações superficiais e buscar entender o contexto emocional por trás das respostas. O elogio, quando oferecido com sensibilidade e acompanhado de um ambiente seguro, pode ajudar a construir uma relação de confiança e fortalecer a autoestima, reduzindo o comportamento evitativo e promovendo o bem-estar emocional.
Por Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues
pós-PhD em Neurociências e especialista em genômica comportamental
Artigo de opinião