Assédio sexual virtual no trabalho remoto: como identificar e agir com apoio da família
Psicóloga alerta para o assédio sexual online e destaca o papel de parceiros e familiares na denúncia
O assédio sexual no ambiente de trabalho remoto é uma realidade que ainda carece de maior visibilidade e debate, mas que cresce em importância com a expansão do home office. Dados recentes da Justiça do Trabalho indicam um aumento de 35% nas ações relacionadas ao assédio sexual entre 2023 e 2024, totalizando mais de 8 mil casos registrados. Porém, esses números não discriminam entre ocorrências presenciais e virtuais, o que evidencia a subnotificação e a dificuldade em identificar o assédio no ambiente digital.
A psicóloga Alessandra Costa, especialista em gestão de comportamento de risco e sócia da S2 Consultoria, destaca que “o assédio sexual não é apenas toque. É um erro acreditar que se trata exclusivamente de algo físico. Ele pode envolver uma série de ações e falas que acontecem, inclusive, na frente das telas”. Essa visão amplia a compreensão do problema, mostrando que o assédio pode ocorrer por meio de comentários inapropriados, pedidos constrangedores e até registros indevidos durante reuniões online.
Um caso recente acompanhado pela especialista ilustra essa situação: um líder contratado para atuar remotamente apresentou comportamentos abusivos, como pedir para colaboradoras mostrarem roupas durante chamadas, tirar prints das telas e fazer comentários inadequados. “Foram os cônjuges das vítimas que perceberam algo de errado na situação”, explica Alessandra, ressaltando que muitas denúncias partem de pessoas próximas às vítimas, que escutam ou presenciam os atos virtuais.
A subnotificação é um desafio grave. Um estudo da Corregedoria do Ministério da Fazenda revelou que apenas 10% das pessoas assediadas denunciam os casos. Entre os motivos para o silêncio estão o medo de retaliação (81%), a falta de confiança na apuração (78%) e a ausência de clareza nos procedimentos para denúncia (63%). Por isso, Alessandra reforça que “não é preciso ter provas em mãos para relatar casos nos canais apropriados. O relato é um repasse de informações que aí, então, serão apuradas”.
Para que as denúncias sejam efetivas, as empresas precisam oferecer canais acessíveis, confiáveis e transparentes, garantindo que as queixas sejam investigadas e que os denunciadores possam acompanhar o andamento de forma anônima. “Vejo com muita frequência equipes que usam o espaço inadequadamente, com reclamações e situações que não cabem ali”, alerta a psicóloga, que também destaca a importância de não vincular denúncias a demissões para preservar a credibilidade do canal.
Mais do que punir, a construção de uma cultura organizacional segura e ética é fundamental. Alessandra afirma que o canal de denúncias pode funcionar como um termômetro da cultura da empresa, revelando tanto problemas reais quanto percepções internas sobre comportamentos e lideranças. “Informar a empresa sobre situações inadequadas é sempre o caminho recomendado”, conclui, lembrando que o relato não significa necessariamente que um crime está ocorrendo, mas que a empresa tem a obrigação de apurar e agir.
Este conteúdo foi elaborado com base em dados e informações fornecidas pela assessoria de imprensa da S2 Consultoria, reforçando a necessidade de atenção e ação frente ao assédio sexual virtual, especialmente no contexto do trabalho remoto, onde a proximidade digital pode esconder abusos que familiares e parceiros podem ajudar a identificar e denunciar.

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA