Hiperconectividade e Saúde Mental: Desafios e Caminhos para o Equilíbrio

Como o uso excessivo das redes sociais impacta a mente e o comportamento, especialmente entre jovens, e o que fazer para preservar o bem-estar emocional

Vivemos em uma era da hiperconectividade. O celular anuncia uma nova notificação. Você desbloqueia a tela, dá uma “olhadinha” e, sem perceber, meia hora se passou. Essa cena se repete centenas de vezes por dia ao redor do mundo. A hiperconectividade, termo que define a conexão constante à internet e às redes sociais, tornou-se um dos grandes desafios e vem deixando um rastro silencioso: a atenção, ou preocupação, com a saúde mental.

Segundo dados da empresa DataReportal, os brasileiros passam, em média, 9 horas e 13 minutos por dia conectados à internet, sendo mais de 3 horas e meia dedicadas às redes sociais. No Sul do Brasil, onde o acesso à internet já atinge mais de 93% dos domicílios, essa realidade é ainda mais marcante.

De acordo com uma pesquisa recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) em conjunto com universidades europeias, há uma clara indicação entre o uso excessivo de telas e o aumento de casos de ansiedade, depressão, irritabilidade e insônia – especialmente entre os adolescentes.

O problema não é a tecnologia em si, mas o uso desregulado e sem consciência dela. Vivemos conectados o tempo todo, sem espaço para o silêncio e para o descanso mental. Além disso, precisamos observar o tipo de conteúdo que é consumido, como ele afeta a nossa autoestima e o comportamento emocional das pessoas.

As redes sociais trazem outro problema: se tornam grandes vitrines de vidas editadas. O excesso da comparação pode impactar a autoestima, gerar frustração e uma sensação de inadequação principalmente em jovens que estão em desenvolvimento e formação da identidade. Além disso, a notificação constante ativa mecanismos cerebrais de recompensa que dificultam a desconexão e cria uma dependência comportamental.

Alguns sinais servem de alerta de que o uso das redes sociais está prejudicando a saúde mental, entre eles: sensação de ansiedade ao ficar longe do celular; alterações no ciclo de sono; dificuldades de concentração; comparações constantes com outras pessoas; queda no rendimento escolar ou profissional e redução da interação social fora do ambiente virtual.

Crianças e adolescentes devem ter atenção redobrada. Na faixa etária entre os 11 e 14 anos, o uso intensivo de dispositivos móveis está associado a um aumento dos sintomas depressivos e comportamentos de risco, e isso se deve ao fato de que a adolescência constitui um período crítico do desenvolvimento psicossocial, caracterizado pela construção da identidade, fortalecimento da autoimagem e desenvolvimento das habilidades socioemocionais.

A exposição prolongada a conteúdos digitais, especialmente em redes sociais, pode impactar negativamente esses processos, favorecendo comparações sociais, percepção distorcida de si e dificuldades nas interações presenciais. Não se trata de proibir o uso, mas de educar para o uso consciente. O diálogo, a supervisão, limites claros e o exemplo dos adultos são fundamentais.

Se por um lado a tecnologia veio para facilitar a nossa vida em muitos aspectos, o grande desafio está em saber como usá-la a nosso favor, de forma equilibrada e consciente. Algumas estratégias podem ser utilizadas neste contexto.

Estabelecer limites de tempo para as redes sociais e jogos, desativar notificações não essenciais, programar momentos de desconexão como durante refeições ou antes de dormir, investir em atividades offline, como leitura, caminhada, esportes e conversas presenciais são algumas dicas que podem ajudar.

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Por Suzane Skura

psicóloga mestre em saúde, especialista em avaliação psicológica, professora do Centro Universitário de Pato Branco – UNIDEP Afya

Artigo de opinião

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