Inteligência Artificial: Aliada ou Ameaça ao Seu Emprego?
Entenda por que a IA não vai substituir você, mas transformar a forma como trabalhamos e a importância de se atualizar para acompanhar essa revolução.
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“IA vai tomar o meu emprego?” Essa é, sem dúvida, uma das perguntas mais frequentes no mercado de trabalho atual. Inclusive, no último dia 03 de junho, estive em uma discussão sobre Inteligência Artificial na Educação, na Univille em Joinville (SC), e uma das perguntas que fizeram foi exatamente esta! A preocupação é legítima: nos últimos anos a IA deixou de ser um conceito distante para se tornar uma realidade presente em diversas áreas. De geradores de textos e imagens a assistentes virtuais, ela tem mostrado um crescimento exponencial, gerando ansiedade em muitos profissionais.
Contudo, antes de entrar em pânico, é fundamental entender como essa transformação tecnológica realmente impacta o mercado e a nossa atividade. A verdade é que, muito mais do que uma ameaça, a IA surge como uma poderosa ferramenta de produtividade. Ela não substitui quem sabe usá-la, pelo contrário, potencializa quem aprende a trabalhar com ela para executar seu trabalho e levar o leite das crianças pra casa no fim do mês.
IA como ferramenta, não como substituta
Sempre que uma nova tecnologia surge, cresce o medo de que empregos desapareçam. Foi assim com a chegada da calculadora, da internet e dos smartphones. Com IA não é diferente e segue o mesmo caminho. Você vai melhorar ao tê-la como aliada no mercado de trabalho e irá aumentar sua produtividade.
Porém, é importante perceber que a IA não faz nada sozinha. Ela é uma ferramenta criada por humanos para ampliar a capacidade humana, não para nos substituir completamente. Ferramentas de IA conseguem automatizar tarefas repetitivas, acelerar análises e gerar insights, mas ainda dependem de gente capacitada para operar, supervisionar e tomar decisões estratégicas. É arriscado, e até perigoso, deixar que a IA faça o trabalho sem uma curadoria humana para manter as respostas no trilho.
Talvez a pergunta correta não seja “A IA vai tomar o meu emprego?”, mas sim “Como eu posso usar a IA para fazer meu trabalho melhor e mais rápido?”… Eu sou muito mais favorável desta segunda!
As tarefas vão mudar, e isso é bom
Pra ser super honesto, é verdade, algumas das nossas atividades vão mudar. Trabalhos mais operacionais, manuais ou extremamente repetitivas podem ser automatizados. Mas isso não significa desemprego em massa. Historicamente, toda revolução tecnológica eliminou alguns tipos de trabalho e, ao mesmo tempo, criou novas funções. A IA segue essa mesma linha histórica, ela está transformando a forma como trabalhamos, não necessariamente eliminando empregos.
Profissões ligadas à criatividade, estratégia, análise, relacionamento humano e tomada de decisão tendem a ganhar ainda mais valor. Você ainda será essencial para realizar atividades que dependam de interpretação de dados, tomada de decisões complexas, criação de conteúdo original e estratégico, empatia, negociação e relacionamento. Estes pontos ainda são exclusividade da mente humana!
Para trazer um exemplo, imagine um cenário onde você é um analista de dados. Normalmente você gasta horas limpando bases, formatando tabelas e preparando relatórios… Tudo bem, é parte do trabalho e você já considera esse tempo na estimativa de horas da atividade na sprint. Com IA, esse processo pode ser feito em minutos, liberando tempo para que você foque em análises mais estratégicas, comunicação de resultados para o time e geração de insights para ajudar na tomada de decisões. Veja que seu trabalho continua existindo e sendo importante para o grupo, mas agora você faz ele de outra forma. Consegue ver a diferença?
Se atualizar não é uma opção, é uma necessidade!
Quem entende que a IA é aliada no trabalho, já está um passo a frente.
Se você está disposto a aprender, a IA não é uma ameaça, mas uma baita aliada. Profissionais que usam IA se tornam mais rápidos, mais produtivos e mais relevantes no mercado. Ela não tira o emprego de quem domina seu uso, pelo contrário, amplia suas possibilidades profissionais.
Hoje, há ferramentas de IA acessíveis para todos. Seja usando uma proprietária pelas interfaces super simples de interação, ou até as versões open-source que você pode carregar localmente no seu computador. Dá pra acelerar nosso trabalho com assistentes de escrita, geração de imagens e automação de processos, chegando até modelos que ajudam em decisões complexas. Mas lembre-se sempre de supervisionar a saída do modelo, afinal, você é o humano usando uma ferramenta! Saber como utilizar esses recursos é o novo diferencial competitivo.
A história mostra que quem resiste às mudanças acaba ficando para trás. A IA é “só” mais uma etapa dessa evolução. Veja: a calculadora não acabou com os matemáticos e o Google não acabou com os bibliotecários! Todas estas ferramentas transformaram as funções originais, e nessa linha, IA não acabará com programadores, designers, advogados ou professores. Ela mudará como essas pessoas trabalham. E aprender a usar estas ferramentas irá te ajudar com entregas e resultados ainda melhores e diminuir o medo da dúvida sobre “A IA vai tomar o meu emprego?”. Inclusive, o relatório de quase 300 páginas do Fórum Mundial Econômico com o título “O futuro do emprego” repercute bastante este assunto. Vale a leitura!
Para terminar…
“A IA vai tomar o meu emprego?” A resposta direta é não… Se você se atualizar! A Inteligência Artificial não substitui profissionais, mas tarefas, e isso é muito diferente.
O protagonismo está nas suas mãos, quem ignora a IA hoje corre o risco de ficar obsoleto. Por outro lado, quem aprende a utilizá-la, transforma seu trabalho e sua carreira.
A IA é, acima de tudo, uma ferramenta e pode ser sua parceira. Uma aliada poderosa que, se bem utilizada, pode transformar você em um profissional muito mais produtivo, criativo e estratégico.
Não é sobre lutar contra a tecnologia, é sobre caminhar com ela!
Por Diego Nogare
Profissional com mais de 20 anos de experiência na área de Dados, focado em Inteligência Artificial e Machine Learning desde 2013; mestre e doutorando em Inteligência Artificial pelo Mackenzie; experiência em empresas como Microsoft, Deloitte, Bayer e Itaú; responsável por estratégia de migração de IA para nuvem no Itaú; membro do board do PASS (2018-2019); Microsoft MVP por 11 anos; Microsoft Regional Director desde 2019
Artigo de opinião