Unesp recebe R$ 14 milhões para inovar no tratamento da tuberculose com nanotecnologia inalável
Projeto pioneiro visa substituir terapia oral por medicamento inalável, tornando o tratamento mais eficaz e acessível no SUS
A Unesp, por meio da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) de Araraquara, recebeu um investimento de aproximadamente R$ 14 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), com apoio do Sistema Único de Saúde (SUS), para desenvolver um projeto inovador no tratamento da tuberculose. A iniciativa, chamada INOVA TB, tem como objetivo criar um medicamento inalável que poderá substituir a atual terapia oral, tornando o tratamento mais eficaz e com menor duração.
Atualmente, pacientes com tuberculose precisam ingerir até 12 comprimidos por dia durante períodos que podem variar de seis meses a dois anos, o que frequentemente leva à baixa adesão e ao abandono do tratamento. “É um tratamento muito exigente, principalmente para pessoas em situação de rua, indígenas, detentos ou qualquer indivíduo com baixa estrutura de apoio. Isso contribui para o abandono e para o surgimento de bactérias mais resistentes”, alerta o professor Fernando Rogério Pavan, coordenador do projeto.
A inovação está no uso da nanotecnologia para veicular os medicamentos diretamente aos pulmões, local onde a bactéria da tuberculose se instala dentro de estruturas chamadas granulomas. O sistema utiliza nanopartículas feitas de surfactantes pulmonares — compostos naturais produzidos pelos próprios pulmões — que encapsulam os fármacos, facilitando sua penetração nas áreas infectadas. Essas nanopartículas são envolvidas por estruturas micrométricas que garantem o tamanho ideal para serem inaladas e permanecerem nos pulmões, evitando a eliminação rápida pela expiração.
Segundo a professora Andréia Bagliotti Meneguin, “precisamos dessa tecnologia porque os remédios convencionais têm dificuldade de penetrar no interior dos granulomas, que são estruturas localizadas no pulmão e que servem de ‘esconderijo’ para as bactérias. O nosso objetivo é aumentar a quantidade de medicamento que consegue atingir essas áreas”. Além disso, o uso de excipientes naturais reduz o risco de reações adversas e melhora a absorção do medicamento, conforme explica o professor Lucas Amaral Machado.
O projeto INOVA TB foi destaque em um edital altamente competitivo da FINEP, conquistando a nona colocação entre mais de 200 propostas no programa “Mais Inovação Brasil Saúde – ICT”. A pesquisa está em fase inicial, com etapas previstas para estudos físico-químicos, testes laboratoriais e experimentos em modelos animais, antes de avançar para ensaios clínicos em humanos.
Além de oferecer uma alternativa terapêutica promissora para a tuberculose, que voltou a ser a doença infecciosa que mais mata no mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o projeto também fortalecerá a infraestrutura da FCF, com a aquisição de equipamentos de ponta, como um tomógrafo de alta resolução para pequenos animais. A expectativa é que a tecnologia desenvolvida possa futuramente ser aplicada a outras doenças respiratórias, como Covid-19, pneumonias e asma.
O investimento também contempla a formação de recursos humanos, com bolsas para iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado. “Mesmo que o produto final leve tempo para se concretizar, o legado científico e formativo será imediato. E, caso a hipótese se confirme, o Brasil poderá contar com uma solução nacional, acessível e de impacto real no SUS”, conclui o professor Leonardo Miziara Barboza Ferreira.
Este avanço representa um importante passo na luta contra a tuberculose, trazendo esperança para milhões de brasileiros e reforçando o compromisso com a saúde pública e a inovação científica.
Conteúdo baseado em informações da assessoria de imprensa da Unesp.

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA