A urgência da formação docente para inclusão de crianças com TDAH na escola

Como a falta de preparo dos professores compromete o desenvolvimento acadêmico e emocional de alunos neurodivergentes

A identificação precoce do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um dos principais desafios enfrentados por professores da educação básica no Brasil. A avaliação equivocada de comportamentos como distração, agitação ou resistência a regras pode levar à exclusão pedagógica e social de crianças que necessitam de apoio específico.

O TDAH não é uma questão de má conduta ou falta de limites, como muitos ainda acreditam. Quando o professor não tem formação adequada, tende a interpretar os sinais da criança como simples desobediência, e isso atrapalha o processo de aprendizagem e afeta a autoestima do aluno.

Os principais sintomas observados em sala de aula incluem dificuldade de concentração, agitação motora, impulsividade, esquecimento de tarefas e interrupções constantes. Muitas vezes, essa criança não consegue sequer copiar o que está no quadro porque perde o foco com facilidade. Ou fala fora de hora, não por mal, mas por não conseguir inibir seus impulsos.

O impacto do TDAH vai além do rendimento escolar. Sem intervenções adequadas, a criança pode enfrentar problemas de socialização, ansiedade e desmotivação. Esses alunos têm potencial, mas precisam de condições adequadas para demonstrá-lo. A escola tem papel fundamental na construção desse ambiente de acolhimento e estímulo.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que o TDAH atinge cerca de 5% das crianças em idade escolar no mundo. No Brasil, o número exato é difícil de mensurar devido à subnotificação e à carência de diagnósticos formais. Mesmo assim, o crescimento da demanda por formações sobre neurodivergência entre profissionais da educação revela que a questão vem ganhando visibilidade.

A formação continuada é o único caminho possível para lidar com as complexidades do transtorno. O professor precisa saber diferenciar o que é indisciplina do que é manifestação do TDAH. Sem esse entendimento, a escola acaba punindo em vez de apoiar.

Entre as estratégias pedagógicas eficazes, destacam-se o uso de instruções curtas e claras, reforço positivo, adaptação de prazos, organização visual da rotina e posicionamento estratégico do aluno em sala. Com medidas simples, mas intencionais, é possível transformar o ambiente de aprendizagem e favorecer o desenvolvimento integral dessas crianças.

O TDAH não desaparece com o tempo, mas pode ser gerenciado com intervenções adequadas desde os primeiros anos de vida escolar. A inclusão começa com o olhar do professor. Quando há formação e empatia, é possível romper com o ciclo de exclusão e criar oportunidades reais de aprendizado.

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Por Mara Duarte da Costa

neuropedagoga, psicopedagoga, diretora pedagógica da Rhema Neuroeducação, mentora, empresária, diretora geral da Fatec, diretora pedagógica e executiva do Rhema Neuroeducação

Artigo de opinião

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