Mesma planta, projetos distintos: como a arquitetura de interiores personaliza imóveis iguais

Dois apartamentos com a mesma planta e no mesmo edifício ganham personalidade única a partir do perfil dos moradores e da criatividade da arquitetura de interiores

Na arquitetura, um imóvel é uma tela em branco onde o profissional consegue retratar as soluções, as preferências e a personalidade do morador. E pensar que cada projeto é único é incontestável quando é possível comparar uma mesma superfície, que no caso seria a planta baixa, em duas ou mais possibilidades de execução.

Foi o que aconteceu com a arquiteta Patricia Penna, quando realizou a arquitetura de interiores de dois apartamentos situados no mesmo edifício. Com quase 600m², ela explorou as potencialidades que, envelopadas no estilo decorativo, entregou uma reforma que denota o modo de vida de cada um dos proprietários.

“Para um arquiteto, trabalhar em projetos com a mesma planta é um presente”, revela a profissional, detalhando que um deles seguiu por uma referência voltada para o clássico, percebido pela seleção dos móveis e a paleta mais escura, ao passo que o outro exala uma essência mais alinhada ao contemporâneo.

Um estar, dois estilos
Nos dois livings, a elegância para recepcionar os convidados deu a tônica para as definições propostas por Patricia. No primeiro, integrado com sala de jantar, ela aplicou o mesmo revestimento de mármore que acompanha toda a área social. Ao fundo, o home theater ficou reservado pela estrutura de painéis laqueados que dão acesso ao ambiente.

Nesse living, o clássico marca presença nas formas dos móveis e os tons escuros – como o sofá cinza chumbo. Entre os itens decorativos, peças de vidro, como o pendente acima da mesa de jantar, vasos e a mesa de centro.

No segundo living, a arquiteta tirou partido de um mobiliário estratégico: junto do sofá, mesas laterais e poltronas são complementadas por dois generosos bancos, dispostos próximos às portas da varanda que, quando abertas, têm nessas peças o elo entre os ambientes.

Com piso de madeira, a conexão entre o living e a varanda, que atua como uma extensão do estar com uma roupagem mais intimista, acontece com a abertura da esquadria de vidro. O décor moderno, sofisticado e clean é notório no projeto assinado pela arquiteta Patricia Penna.

Área gourmet em foco
Ambos compostos por churrasqueira, na visão de Patricia o ambiente gourmet não remete apenas à estrutura voltada para cozinhar. Para ela, o espaço atua como um centro de reunião e celebração e, por isso, mais uma vez a natureza dos moradores precisa estar evidente.

Próxima ao living clássico, a churrasqueira da área gourmet do primeiro apartamento é acompanhada pela bancada que atua tanto como apoio, como espaço para refeições. Acima da mesa de jantar, a arquiteta ousou ao escolher o pendente esférico italiano Foscarini. Artesanal e sem estruturação interna, a peça faz relação com a forma lunar.

Desde o tampo da mesa, os objetos decorativos e o revestimento o backsplash ao lado da churrasqueira, os tons mais sóbrios e escurecidos acompanharam a área gourmet do apartamento 1.

No segundo projeto, a varanda gourmet se mantém com um décor luminoso, por conta do fechamento de vidro, alinhado com a predominância do mármore Travertino Navona que reveste o piso e forma a bancada da churrasqueira e a ilha.

A mesa, com tampo de vidro leitoso, chama a atenção na área gourmet.

Escritórios distintos
Nos dois apartamentos, houve a solicitação para a elaboração de um home office. Seguindo a direção do projeto, o primeiro escritório é mais reservado e seu requinte é observado pela marcenaria que abraça todo o ambiente, a começar da concepção da estante nichada, com apliques em couro natural, e a mesma madeira que reveste parede e integrada a mesa. “Adicionamos um tom mais escuro da madeira para destacar a divisão dos nichos e dos armários inferiores”, diz ela.

No recuo da varanda, no segundo imóvel, fora implantado um escritório aberto e integrado, que tira partido da abundante iluminação natural. Com o toque terroso das poltronas em couro e da obra de arte assinada por Roberto Cimino, está presente também a técnica milenar de tecelagem evidenciada no tapete oriental selecionado para o piso.

Bem constituído, o home office usufrui da leveza presente no projeto de interiores elaborado pela arquiteta Patricia Penna.

Dormitórios
“Assim como os demais ambientes, o dormitório precisa transmitir a identidade dos moradores”, diz Patricia. Para o casal do apartamento 1, os itens clássicos, ao gosto dos clientes, ficam manifestados nas formas do mobiliário e na simetria do layout. Os tons médios do papel de parede e tapete contrastam com o ‘peso’ das cômodas pretas e a base dos bancos posicionados aos pés da cama.

Cabeceira arredondada, obras de arte, abajures vintages e a aplicação de tecidos como o linho e o veludo tornaram o dormitório ainda mais requintado.

No quarto do outro apartamento, a neutralidade dita a afinação e são presentes nas texturas dos papéis de parede, na seda rústica da roupa de cama, cabeceira e mobiliário complementar.

Nesse dormitório, as mesas de cabeceira seguem na mesma base tonal, sendo o couro lezard, que reveste as gavetas, mais um dos destaques.

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Por Lucas Janini

Artigo de opinião

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