Jovens Empreendedores no Brasil: Desafios e a Necessidade de Formação Prática
Apesar do entusiasmo pelo empreendedorismo, a falta de preparo e apoio estrutural limita o sucesso dos jovens empresários brasileiros
De acordo com o relatório do Sebrae “Empreendedorismo Jovem Sob a ótica da PNAD Contínua”, publicado em março deste ano, apenas 12,6% da população jovem brasileira (grupo entre 18 e 29 anos) possui um negócio próprio. Apesar de representarem mais de 21% da população economicamente ativa, os jovens respondem por apenas 16% do total de empreendedores no país.
Apesar de divulgados em tom de celebração pelo crescimento nos últimos dez anos, esses números evidenciam uma realidade preocupante: o empreendedorismo ainda não é apresentado como uma opção real de carreira nas escolas e universidades. Quando o jovem tenta empreender, muitas vezes o faz sem estrutura, sem orientação e sem acesso a uma rede de apoio, o que reduz drasticamente as chances de sucesso.
A busca pelo caminho do empreendedorismo sem formação adequada leva à dificuldade de manter e escalar um negócio. Este é um dos motivos que, no Brasil, o número de empresas que nascem e morrem nos primeiros anos, que passa de 60%, é maior do que em outros países onde a preparação para o possível empreendedorismo e educação financeira começa cedo.
No entanto, o insucesso dos novos negócios não é o único efeito negativo apontado pelos dados. O relatório indica que mais de 70% dos jovens empreendedores atuam por conta própria e na informalidade, sendo que apenas 27,2% possuem CNPJ registrado. Outro dado preocupante: 70,3% desses jovens não contribuem para a Previdência Social, o que demonstra não só a fragilidade econômica desses negócios, mas também a ausência de políticas públicas eficazes para esse público.
O jovem brasileiro tem vontade, criatividade e energia para empreender, mas falta a ele uma trilha de formação prática. Para recuperar o tempo perdido, a mentoria é um dos caminhos mais eficazes para mudar esse cenário, pois aproxima o jovem do mercado real e ajuda a transformar boas ideias em negócios sustentáveis.
Iniciativas de mentorias individuais ou coletivas podem atuar como ponte entre a juventude e o ecossistema de inovação, combatendo a informalidade e promovendo inclusão produtiva.
O estudo também destaca a estagnação no acesso ao ensino superior entre os jovens empreendedores e a queda no número daqueles que ainda estudam, o que reforça a urgência de políticas que articulem educação, empreendedorismo e orientação estratégica.
Não basta incentivar o empreendedorismo. É preciso formar empreendedores. E, nesse sentido, mentores e educadores com experiência prática são peças-chave para construir essa nova geração de líderes.
Por Alan Oliveira
Mentor de startups e especialista em estratégias para inovação e desenvolvimento de jovens líderes; referência no apoio a startups em estágio inicial e empresas maduras; participou do desenvolvimento da Contabilize, uma das unicórnios brasileiras
Artigo de opinião