Como a Onda de Frio Intensifica a Dor Crônica e Estratégias para Aliviar o Sofrimento

Entenda os impactos das baixas temperaturas na dor crônica e descubra tratamentos eficazes para manter o conforto e a qualidade de vida no inverno

Uma nova frente fria começa a avançar sobre o país, marcando a terceira onda de frio de 2025 e a primeira desde o início do inverno. Com essa mudança brusca de temperatura, aumentam as queixas de dores crônicas em consultórios médicos e clínicas especializadas em dor. No período mais frio do ano, o manejo dos sintomas não deve ser deixado de lado, sendo necessárias adaptações para garantir o conforto térmico do paciente.

O inverno agrava o sofrimento das pessoas que convivem com dores crônicas — um grupo que representa 36,9% dos brasileiros com mais de 50 anos — por razões multifatoriais. Condições como fibromialgia, artrite e dores nas costas ou coluna tendem a se intensificar nesta época, afetando principalmente mulheres, idosos e pessoas de baixa renda.

Pacientes com sintomas depressivos e histórico de quedas e hospitalizações também podem notar aumento na percepção da dor. As baixas temperaturas reduzem o fluxo sanguíneo periférico e aumentam a rigidez muscular. Além disso, o frio desencadeia alterações no sono e no humor, favorecendo quadros de insônia, ansiedade e depressão, que estão diretamente ligados à intensificação da dor.

A nova estação promete ondas de frio menos frequentes, porém mais intensas, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, embora as temperaturas médias fiquem acima da média histórica em grande parte do país. A maior amplitude térmica e o aumento da umidade em diversas capitais podem agravar ainda mais os quadros de dor crônica. Moradores de cidades de altitude e áreas urbanas com pouca exposição solar são os mais vulneráveis e devem redobrar os cuidados, mantendo acompanhamento médico contínuo para evitar agravamentos.

O controle dos sintomas exige uma abordagem terapêutica multidisciplinar e não deve ser abandonado durante as baixas temperaturas. Procedimentos que exigem exposição ao frio ou ambientes não climatizados devem ser ajustados para evitar desconfortos adicionais. Entre as estratégias de cuidado físico estão o uso de medicamentos moduladores da dor, como antidepressivos tricíclicos e inibidores de recaptação de serotonina; fisioterapia regular e exercícios de alongamento para preservar a mobilidade; além da prática de atividades físicas supervisionadas, como caminhadas, pilates ou hidroterapia.

O acompanhamento psicológico é fundamental para evitar alterações no humor, insônia e isolamento social. Tratamentos complementares como acupuntura, massagens e técnicas de relaxamento continuam sendo aliados importantes e podem, inclusive, gerar conforto térmico para o paciente.

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Por Dr. Marcelo Valadares

Médico neurocirurgião, pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), especialista em Neurocirurgia Funcional, fundador e diretor do Grupo de Tratamento de Dor de Campinas, com atuação em neuromodulação cerebral, cirurgias menos invasivas de coluna e tratamento da dor crônica.

Artigo de opinião

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