Testosterona em Mulheres: Indicações, Benefícios e Cuidados Essenciais

Entenda quando a reposição de testosterona é necessária, seus efeitos positivos e os riscos do uso inadequado na saúde feminina

O uso de testosterona em mulheres ainda é cercado por tabus e preconceitos, muitos deles associados à falta de informação. A deficiência androgênica feminina é uma condição médica reconhecida desde o Consenso de Princeton, em 2002. A queda dos níveis de testosterona nas mulheres é natural a partir dos 35 anos e se intensifica após os 40. Essa deficiência está associada a sintomas como cansaço persistente, desânimo, insônia, perda de memória, diminuição do bem-estar, alterações de humor, perda de autoestima, ganho de peso, perda de massa muscular e, principalmente, queda do desejo sexual — o chamado desejo sexual hipoativo.

Além da libido, a testosterona influencia a sensibilidade clitoriana, a elasticidade da pele e a cognição. Estudos demonstram que a reposição adequada melhora o fluxo sanguíneo na região genital, resultando em orgasmos mais intensos, maior prazer e melhora na qualidade de vida sexual da mulher.

A reposição de testosterona, quando realizada em doses fisiológicas, ou seja, compatíveis com as necessidades do organismo feminino, apresenta risco praticamente nulo de efeitos colaterais. Não estamos falando de uma substância estranha ao corpo da mulher. O mesmo princípio se aplica à reposição de melatonina ou hormônio tireoidiano. O problema não é a testosterona, mas sim o uso inadequado, sem acompanhamento e em doses suprafisiológicas.

Vias como o uso de gel transdérmico ou implantes subcutâneos são seguras e eficazes. A terapia deve ser individualizada e sempre prescrita por ginecologista ou endocrinologista com formação específica em saúde hormonal feminina.

O uso de testosterona ou de hormônios androgênicos sintéticos em doses elevadas, com fins exclusivamente estéticos ou para ganho de massa muscular, pode provocar uma série de efeitos colaterais graves, como alterações hepáticas, hipertrofia cardíaca, engrossamento da voz, aumento clitoriano, acne, oleosidade da pele, queda de cabelo, alterações no colesterol e risco cardiovascular aumentado.

A grande preocupação é quando profissionais sem a devida formação prescrevem esteroides anabolizantes a mulheres com objetivos estéticos. Isso desvirtua completamente o uso terapêutico da testosterona e gera uma imagem negativa sobre uma terapia que, quando bem indicada, pode transformar a saúde feminina.

Ao contrário do que se imagina, a deficiência de testosterona pode prejudicar a fertilidade feminina. A reposição adequada pode fazer parte de protocolos de reprodução assistida, já que os androgênios produzidos pelos ovários e pelas glândulas suprarrenais têm papel fundamental na função ovariana. Contudo, doses excessivas podem desregular o eixo hormonal e dificultar a concepção.

O uso de testosterona em mulheres deve ser visto como uma ferramenta terapêutica legítima e segura, desde que conduzida com responsabilidade médica. A chave é sempre a dose. Em medicina hormonal, a dose faz toda a diferença entre o tratamento e o problema. Por isso, a orientação médica especializada é imprescindível.

D

Por Dr. Ricardo Barone Gasparini

Ginecologista. Formado pela Universidade Estadual de Londrina – PR. Residência médica em Ginecologia e Obstetrícia. Pós-Graduação em Medicina Integrativa e Longevidade Saudável. Pós-Graduação em Videolaparoscopia. Especialista em Terapias com Implantes Hormonais há mais de 10 anos. Embaixador da Elmeco.

Artigo de opinião

👁️ 88 visualizações
🐦 Twitter 📘 Facebook 💼 LinkedIn
compartilhamentos

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar

Comece a digitar e pressione o Enter para buscar