Portugal endurece regras para nacionalidade e vistos: desafios e impactos para imigrantes

Mudanças na legislação refletem tendência europeia, mas exigem atenção especial para quem já reside legalmente no país

O Governo português, liderado pela coligação Aliança Democrática, apresentou ao Parlamento um pacote de reformas que visa alterar significativamente as regras de aquisição da nacionalidade e de entrada legal no país.

Dentre as principais mudanças, destaca-se a proposta de duplicação do tempo mínimo de residência legal necessário para solicitar a nacionalidade portuguesa – passando de cinco para dez anos –, além da eliminação da chamada “manifestação de interesse” e a limitação de vistos de procura de trabalho a candidatos altamente qualificados.

Embora seja legítimo que o Estado revise suas políticas públicas, essas mudanças representam um ponto de inflexão na forma como Portugal se posiciona diante da imigração. Estamos vendo uma tendência em toda a Europa de maior controle migratório. O problema não está em rever critérios, mas sim em garantir que essas alterações não desconsiderem a realidade daqueles que já contribuem para a sociedade portuguesa há anos, especialmente nos serviços mais rotineiros e essenciais.

A narrativa de que Portugal estaria sendo “sobrecarregado” por imigrantes não corresponde à realidade. O que falta em Portugal não é apenas mão de obra qualificada, como muitos defendem, mas sim trabalhadores para funções do dia a dia – nos cafés, na agricultura, na construção civil. A migração é parte da solução, não do problema.

Os processos de visto continuam sendo complexos e fragmentados, e o papel dos profissionais do Direito é justamente ajudar cada pessoa a encontrar o caminho legal mais adequado para a sua situação.

Para quem já reside legalmente em Portugal há cinco anos ou mais, é urgente buscar aconselhamento jurídico imediato, pois, segundo a proposta legislativa, quem der entrada no pedido de nacionalidade antes da alteração da lei terá seu direito garantido com base nas regras atuais.

A lei não retroage para prejudicar. Quem protocolar seu pedido antes da mudança estará protegido. Quem não agir a tempo terá que esperar até dez anos para ter acesso à nacionalidade.

Essas mudanças exigem atenção redobrada e planejamento por parte dos imigrantes que desejam consolidar sua situação em Portugal, pois refletem uma tendência europeia de maior rigor, mas também podem impactar significativamente a vida daqueles que já fazem parte da sociedade portuguesa.

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Por Wilson Bicalho

Advogado e CEO da Bicalho Consultoria Legal em Portugal; Licenciado no Brasil e Portugal; Sócio na Bicalho Consultoria Legal em Portugal; Professor de Pós-Graduação em Direito Migratório; Pós-graduado em Lisboa pela Autónoma Academy de Lisboa; Sócio fundador das empresas portuguesas B2L Born to Link e RBA International

Artigo de opinião

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