Caminhos para uma Educação Inclusiva e Empática para Alunos Neurodivergentes

Medidas simples e atitudes acolhedoras podem transformar o aprendizado e a experiência escolar de estudantes com necessidades específicas

O ensino para alunos neurodivergentes ainda representa um grande desafio para instituições e docentes brasileiros. Segundo o Censo da Educação de 2024, cerca de 7 milhões de atípicos estão matriculados nas escolas da rede pública e privada, o que representa 20% da população de estudantes. Ainda assim, 80% dos professores não possuem formação em educação inclusiva, e 60% deles não se sentem preparados para adaptar provas, atividades ou elaborar um Plano de Educação Individualizada (PEI).

A inclusão escolar é um processo contínuo de aperfeiçoamento, que pode começar com atitudes simples, mas capazes de impactar positivamente no aprendizado desses alunos. Acolher a singularidade com respeito e disposição de aprender é o primeiro passo para transformar a vida dos jovens atípicos.

O segredo está no “olhar do educador”. Entre as ações recomendadas para tornar a prática pedagógica mais empática e acessível estão: ouvir o aluno com empatia e sem pressa; usar linguagem visual e gestual de apoio, como pictogramas, quadros de rotina e gestos amplos; programar rotinas claras e estruturadas, importantes para alunos neurotípicos preverem o seu dia na sala de aula e se sentirem mais seguros; valorizar pequenos avanços, reforçando positivamente as conquistas individuais; e manter o contato com a família, construindo uma rede de apoio mútuo.

Criar um ambiente favorável para inclusão é fundamental. Mesmo com poucos recursos, é possível montar um espaço afetivo e acolhedor para o ensino de neurodivergentes. Algumas soluções viáveis para escolas incluem: adaptar o espaço com divisórias simples para reduzir estímulos visuais e auditivos, pois alunos neurotípicos são mais sensíveis a luzes fortes e sons altos; usar recursos caseiros e alternativos para atividades didáticas, como pictogramas feitos à mão, brinquedos sensoriais reciclados e vídeos educativos gratuitos; envolver a comunidade, pais e voluntários para ajudar a desenvolver projetos inclusivos e na produção de materiais didáticos; e implementar uma cultura de empatia na escola, com ações que incentivem o respeito às diferenças.

A formação continuada e a atualização de docentes e colaboradores da escola são essenciais, assim como o aperfeiçoamento de estratégias, como a elaboração de PEIs com metas alcançáveis, adaptação curricular e avaliações individualizadas e mais flexíveis, com foco na aprendizagem e não apenas nos resultados. Quando a escola adota práticas mais empáticas, estruturadas e personalizadas, todos saem ganhando. E todos os alunos, atípicos ou não, aprendem melhor.

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Por Regiane Fagotto

Fonoaudióloga e pedagoga com 25 anos de experiência, consultora da Plataforma Prova Adaptada

Artigo de opinião

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