Câncer de pele não melanoma: o inimigo invisível que exige mais atenção
Apesar de ser o tipo mais comum, o câncer de pele não melanoma é subestimado e pode causar danos graves quando negligenciado
Embora seja o tipo mais frequente de câncer no Brasil e no mundo, o câncer de pele não melanoma ainda permanece longe dos holofotes das campanhas de saúde pública. E no dia 13 de junho, Dia Global de Conscientização sobre o Câncer de Pele Não Melanoma, é necessário perguntar: por que ignoramos justamente o tipo mais comum?
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais de 200 mil casos de câncer de pele não melanoma são diagnosticados por ano no Brasil, representando cerca de 30% de todos os cânceres registrados no país. A maioria está relacionada à exposição solar acumulada ao longo da vida, sobretudo entre trabalhadores rurais, idosos e pessoas de pele clara.
Ainda assim, esse tipo de câncer é muitas vezes tratado como “menos grave” por não estar associado a altas taxas de mortalidade, como o melanoma. O problema é que, quando não diagnosticado e tratado a tempo, ele pode sim levar à morte e, pior, provocar mutilações físicas e emocionais.
Sou enfermeira e acompanho de perto o impacto silencioso dessa doença entre populações vulneráveis, especialmente aquelas com baixa escolaridade, pouco acesso à informação e expostas diariamente ao sol sem proteção adequada. A desinformação é, sem dúvida, um dos grandes vilões. Muitos acreditam que “aquela feridinha que não cicatriza” é só mais um machucado comum. Outros ignoram manchas e lesões por meses ou anos, só buscando ajuda quando a dor e o avanço do tumor já comprometem funções básicas, como mastigar ou enxergar.
É urgente mudar a forma como lidamos com o câncer de pele não melanoma. Precisamos de mais campanhas públicas que tratem essa condição com a seriedade que ela merece, que falem diretamente com a população em linguagem acessível, mostrando fotos, dando exemplos reais, sem rodeios. É preciso também incluir o tema nos serviços de atenção primária, capacitar agentes comunitários, e garantir acesso rápido à biópsia e ao tratamento cirúrgico.
Mais do que isso, é preciso mudar a percepção social. O câncer de pele não melanoma é, sim, perigoso. É, sim, uma questão de saúde pública. E merece ser lembrado, falado, prevenido e tratado com o mesmo empenho que qualquer outro câncer. No Dia Global de Conscientização sobre o Câncer de Pele Não Melanoma, a melhor homenagem que podemos prestar às vítimas é ampliar a informação, democratizar o acesso à prevenção e garantir diagnóstico precoce. Não basta lembrar: é preciso agir.
Por Vaniele Pailczuk
enfermeira, especialista em UTI/Urgência e Emergência, professora e tutora de cursos de pós-graduação na área da saúde no Centro Universitário Internacional Uninter
Artigo de opinião