Representações femininas em filmes de paleontologia: estudo da UFSCar revela discursos de gênero e classe
Pesquisa analisa como Jurassic Park e Ammonite abordam feminismo e desigualdades sociais nas protagonistas paleontólogas
Um estudo realizado pelo grupo de Pesquisa “Popularização das Ciências Biológicas e Discurso” (PopBio), do Campus Lagoa do Sino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), investigou as representações de gênero em dois filmes protagonizados por paleontólogas: Jurassic Park (1993) e Ammonite (2020). A pesquisa, coordenada pela docente Ilka de Oliveira Mota, buscou compreender como as personagens femininas são retratadas a partir de discursos feministas e das relações de classe.
No filme Jurassic Park, a paleontóloga é apresentada como uma heroína empoderada que desafia o sexismo dos personagens masculinos. Ela não é apenas uma espectadora, mas participa ativamente de ações de alto risco, tradicionalmente associadas ao universo masculino. O filme também inverte papéis tradicionais ao mostrar um personagem masculino cuidando de crianças, uma atribuição socialmente ligada às mulheres. Essa abordagem reflete o feminismo liberal, que defende igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres.
Já Ammonite, cinebiografia da paleontóloga Mary Anning, evidencia não só o preconceito de gênero, mas também a exploração de classe. A personagem, mulher pobre, tem seu trabalho científico desvalorizado e mal remunerado, enquanto a glória fica com cientistas homens burgueses. Essa perspectiva incorpora o feminismo marxista, que relaciona opressão de gênero e classe social.
Para a análise, o grupo utilizou a análise de discurso materialista, que conecta textos e filmes a seus discursos e ideologias, considerando seu contexto histórico. A obra da pensadora Silvia Federici foi fundamental para entender como as diferenças de gênero e classe sustentam a exploração da mulher.
Segundo Anna Paula Quadros Soares, pesquisadora do PopBio, a pesquisa é uma contribuição importante para o debate sobre gênero e cinema, evidenciando as principais correntes feministas e a intersecção entre opressão de gênero e classe. A coordenadora Ilka Mota reforça a necessidade de ir além do feminismo liberal para alcançar uma verdadeira emancipação, que exige transformação profunda das relações sociais e o fim da sociedade capitalista.
O estudo foi publicado na Revista de Estudos Culturais da USP, no artigo “Representações de gênero nos filmes Jurassic Park e Ammonite”, disponível para acesso público. Essa pesquisa destaca a importância de refletir sobre as representações femininas no cinema e suas conexões com questões sociais atuais, incentivando o debate e a conscientização sobre igualdade e justiça social.
Conteúdo baseado em dados da assessoria de imprensa da UFSCar.

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA